Dia 23 de setembro de 2014
Eu não entendo de política. Não mesmo. Sou, no máximo, bem informado. E digo mais: desconfie de quem diz entender.
Desconfie de quem usa os termos "tucanalha" e "petralha" para justificar suas escolhas.
Desconfie de quem critica programas sociais sem nunca ter pisado em uma comunidade. Desconfie também - por que não? - daqueles que já pisaram.
Desconfie da pessoa que, ao encontrar alguém que compartilha de sua opinião política, diz "até que enfim encontrei alguém inteligente!". Subestimar a interpretação de mundo dos outros não é algo inteligente. Superestimar sua própria visão da realidade não é algo inteligente.
Desconfie de quem coloca o nome de um candidato na foto de perfil do Facebook. Das duas, uma: ou é um romântico ou está ganhando algo para promover o candidato.
Desconfie daquele que diz votar em branco como forma de protesto, mas nunca integrou manifestações que reivindicavam melhorias.
Política se discute, sim. Mas não é uma ciência exata. Ser agressivo em suas colocações não é debater, mas impor. Sarcasmo e política dificilmente se encaixam. Nunca dê um "ou quer que eu desenhe?" como resposta àquela pessoa que fez uma pergunta ou comentário estúpido. Sarcasmo não é argumento. Argumento esclarece e faz pensar. Sarcasmo apenas afasta.
Por fim, desconfie também de seu candidato. Antes, durante e depois das eleições. A desconfiança é a principal arma do eleitor contra a alienação tão perceptível nessa época. O candidato está lá para trabalhar em prol de seu eleitor e ser questionado. Exercite seu direito de desconfiar. Ou quer que eu desenhe?
Bruges
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