10 setembro 2014

Cristofobia

Dia 10 de setembro de 2014

Preciso desabafar.

Já não consigo mais esconder. Sou cristão. Seria mais fácil ao contrário, eu sei. Não precisava me expor dessa forma, eu sei. Mas é complicado pra mim viver meias verdades. Tomei essa decisão de me declarar publicamente cristão para me sentir liberto, completo. Ao contrário do que pensam, não escrevo este texto para aparecer, chocar ou repercutir. Escrevo para, pela primeira vez, conseguir ser quem eu sou.

É difícil ser cristão hoje em dia.

Nossas igrejas, nossos locais de culto, não são bem vistos. A burocracia para criá-los é muito grande, e justamente por isso há tão poucas igrejas, templos e salões em meu bairro, em minha cidade. Os impostos são absurdos.

A cristofobia é um mal que assola nossa comunidade. Quando ando com minha bíblia embaixo do braço, logo vem olhares me fuzilando, me condenando por eu não pertencer à moral vigente da sociedade. Muitos amigos meus tem dificuldade para contar a seus pais que são cristãos. A aceitação é algo complicado. Aceitar o diferente é algo complicado. Alguns - pasmem! - foram até expulsos de casa. O pior não sei se é o preconceito explícito, aquele que xinga, constrange, expulsa ou mata nossos irmãos cristãos, ou aquele velado, presente no discurso "Eu amo todo cristão, mas não a sua cristandade". Isso não é um discurso de amor fraterno meus caros agnósticos, umbandistas, candomblecistas, budistas, ateus, wiccas e naturalistas fundamentalistas. Isso é um discurso cristofóbico. 

Eu prefiro acreditar que nasci cristão. A ciência ainda não conseguiu provar se a pessoa já nasce ou se torna ao longo da vida. Quiseram já propor um estudo que relacionava a localidade de nascimento com a religião seguida pela pessoa. Tentaram chegar a conclusão que quem nasce em países latinos tende a se ser cristão, assim como quem nasce no Japão tende a ser budistas e quem nasce na Suécia tende a ser ateu. Mas acho que isso é querer predeterminar as coisas. Devemos conviver com as diferenças, e não taxá-las como anomalias. Por que, ao invés disso, não gastamos dinheiro para pesquisas com curas de doenças, com pesquisas para criar mecanismos para combater a miséria no mundo? Estes sim são objetos urgentes de estudo.

O que acredito é que a cristofobia deve ser criminalizada. E o que me acalma é ter a certeza que daqui algumas décadas este será um assunto tão ultrapassado que, ao olhar para trás, teremos vergonha do quanto a sociedade já teve uma mentalidade atrasada.

2 Comentários:

Unknown disse...

Dan, brilhante texto, sensacional, adoro este tipo de recurso, só queria ressaltar que a Umbanda é uma religião cristã.

Unknown disse...

Comentarei este post, com uma frase que vi esta semana. "Muitos dos primeiros cristãos foram martirizados, jogados aos leões, crucificados, decapitados, queimados. E hoje é vergonhoso ser cristão? Será que a cristofobia não é o martírio dos nossos cristãos vigentes? Muitos morreram por ser cristãos e hoje somos capazes de amar a Cristo a tal ponto de entregar nossa vida por ele? Quando não nos calamos e falamos d'Ele estamos de certo modo "morrendo" por Cristo, porém, quando aceitamos as ofensas ao cristianismo não estamos sofrendo o martírio como os primeiros cristãos, estamos negando nossa fé e sendo incoerentes. "Ide, por todo mundo..." (Marcos, 16)