BRASIL: UMA PANELA DE PRESSÃO (OU ESTAMOS PERDIDOS)

O QUE ACONTECERÁ QUANDO A PANELA DE PRESSÃO EXPLODIR?

(SEM) INSPIRAÇÃO

HOJE ACORDEI INSPIRADO. MAS ACHO QUE EXPIREI.

SOBRE SER CULTO

A VIDA NÃO SE RESUME AO FACEBOOK.

A REVOLUÇÃO DOS MACACOS

SOMOS TODOS MACACOS, ALGUNS MAIS MACACOS QUE OUTROS.

NU

HOJE ME DEU VONTADE DE ESTAR NU.

29 novembro 2016

A tragédia pontual e a tragédia cotidiana

Dia 29 de novembro de 2016

O Brasil, assim como o futebol mundial, está de luto. A queda do avião que levava a delegação da equipe da Chapecoense tirou a vida de jogadores, membros da comissão técnica, da equipe de voo, de jornalistas e de convidados. Sobre este fato, nada mais pode ser acrescentado por esta página a não ser o nosso lamento profundo à todas as vítimas e aos familiares que sofreram a perda. Uma grande tragédia pontual que, assim como outras, causou e causa grande comoção em todos nós.

Há uma grande diferença entre este tipo de tragédia com as do nosso cotidiano. Milhares de pessoas morrem diariamente devido à vários motivos, incluindo algumas tragédias sociais, como fome e violência. A morte, num sentido filosófico, é a mesma. Mas por que, então, uma ganha manchetes e a outra não?

Não podemos desconsiderar que a mídia pauta nossas conversas. Tragédias que envolvem jogadores, artistas, apresentadores e outros agentes midiáticos repercutem porque eles entram em nossa casa, conversam conosco através das várias plataformas e nos criam empatia. Sua morte inesperada nos causa emoções. A tragédia cotidiana é diferente. Só conseguimos vê-la se a percebermos; não são mortes lidas com emoção, mas sim com a razão. E, é claro, há sempre o interesse de que ela não seja percebida por nós. A cotidiana faz parte do status quo; a outra, é um ponto fora da curva.

Hoje, no dia do acidente aéreo que vitimou cerca de 75 pessoas, vi algumas pessoas postando em suas redes sociais sobre a ausência de postagens homenageando as vítimas das tragédias cotidianas, ao invés de apenas textos e imagens da tragédia da Chapecoense. É preciso entender que somos seres emocionais, não somente racionais. Não é só a televisão ou a mídia que causa essa comoção. Cada membro da grande massa - onde, obviamente, estou incluído - que já viajou de avião pensa consigo mesmo que poderia ter sido ele. A grande massa que gosta de futebol pensa que "poderia ser meu time". As pessoas que, assim como eu, são formadas em jornalismo, também têm esse pensamento. Quantos lados e visões individuais desse mesmo fato? Acidentes comovem também porque nos tiram da zona de conforto e nos fazem pensar a respeito do maior tabu da humanidade: a morte, a sua e a do outro.

As críticas à essa comoção em massa podem ser lógicas até certo ponto, mas talvez a lógica não caiba em todos os momentos da vida. A dor é de cada um. Pensar nos problemas estruturais e sociais da humanidade não te impede de ter empatia com esse acidente aéreo, com as histórias individuais dessas vítimas e a  história do time de futebol que surgiu do nada e conquistou a América do Sul. E, no caso contrário, se comover com essa tragédia não te impede de hoje, amanhã ou na próxima semana visitar uma ONG, um hospital, ou ser voluntário em algum projeto social. Se você já faz isso, parabéns! Se não faz, mas critica o outro que se comoveu com o acidente, amanhã é um novo dia para abandonar a hipocrisia. E é sempre bom lembrar que Facebook e redes sociais não mudam o mundo.

Emoções são subjetivas, logo imensuráveis. Lamentamos tragédias pontuais como esta  porque elas têm rostos, vídeos e mídia. Já em relação às tragédias cotidianas, ainda que houvesse - e, às vezes, há - rostos, vídeos e mídia, o que verdadeiramente importa é a nossa ação. O primeiro é uma tragédia de fato. O outro, um problema estrutural, que não se modificará com longos e rasos textos de Facebook. Ao que não pode ser transformado, como é o caso desse acidente, nos resta um respeitoso luto. Ao que deve ser transformado, nos resta a ação. Só as nossas atitudes transformam o mundo. 

26 novembro 2016

Apesar de oscilante, 3%, da Netflix, é uma evolução para séries de ficção científica do Brasil

Dia 26 de novembro de 2016


Eu esperei por muito tempo para assistir ao 3%. Mais precisamente 5 anos. Para quem não sabe, antes de ser lançada pelo Netflix, a nova série de ficção científica brasileira foi lançada de forma independente no YouTube e, desde então, atraído a atenção dos internautas, com aproximadamente 650 mil visualizações na plataforma. Porém, sem recursos, parou no terceiro episódio. E, desde então, o criador Pedro Aguilera tentou suporte financeiro para a realização completa dessa história promissora. Até a Netflix comprar a ideia.

A história se passa num mundo pós-apocalíptico, onde 97% da população vive na extrema pobreza em um lugar conhecido popularmente como o "lado de cá". Já o restante, a elite da sociedade, moram na lendária Maralto, o "lado de lá", onde, supostamente, existe apenas bonança, felicidade e alta tecnologia. Para a massa excluída há apenas uma esperança para viver no "lado de lá": participar e vencer o processo de seleção. Todos eles, ao completarem 20 anos, podem se inscrever, mas apenas 3% deles conseguem a tão sonhada mudança de vida, abandonando todo o seu passado para uma "vida melhor". Aos perdedores, a certeza de que nada mudará.

A primeira ótima sensação que tive foi ver uma série com essa temática com uma qualidade de fotografia e edição comparável às produções de fora, e atores, conhecidos ou não do grande público, falando completamente em português em uma série da Netflix. Em um segundo momento, a trilha sonora é uma grata surpresa, em especial no início do terceiro episódio, quando começa a tocar "Mulher do fim do mundo", da insuperável Elza Soares. E, por fim, num terceiro, quando você percebe que os desafios pelos quais os personagens são submetidos, por mais estranhos e surreais que se pareçam, são apenas hipérboles dos nossos próprios desafios cotidianos, como entrevistas de emprego ou obrigações sociais.

O roteiro, intrigante, possui personagens com várias camadas. A fotografia, já mencionada antes, merece todo reconhecimento. Outro destaque é a grande diversidade de atores, com homens e  mulheres, negros, brancos e orientais, além de um personagem cadeirante Fernando (Michel Gomes) como um dos protagonistas. Além de Gomes, vale destacar também as atuações de Bianda Comparato (Michele), da fantástica Vaneza Oliveira (Joana) e também da presença marcante de Viviane Porto (Aline).

Entretanto, não espere por uma série perfeita. As superproduções da Netflix estão anos-luz à frente de sua irmã brasileira no que se diz respeito à estrutura, especialmente em relação à cenários, já que o futuro de alta tecnologia, por muitas vezes, não parece tão futurístico assim. Mas há de se reconhecer que eles conseguiram, de forma criativa, ao menos amenizar esse problema.

O pecado da série seja, talvez, a forma caricatural como algumas coisas são mostradas. A pobreza do "lado de cá" é um tanto forçada, especialmente quando se repara nos figurinos dos figurantes, quase todos remendados de forma pouco convincente e com cores excessivas. O elenco também tem seus problemas. Alguns figurantes não possuem naturalidade em frente às câmeras. O ator João Miguel (Ezequiel) tem atuações oscilantes, e, por vezes, não convence tanto como o líder do processo. Já Rodolfo Valente, que interpreta o personagem Rafael, começa a série de forma um pouco forçada (talvez até mais por culpa do roteiro que por sua própria atuação), mas se recupera a medida que seu personagem vai ganhando mais complexidade. E, com oito episódios, o 5º, sobre o passado de Ezequiel, é bastante arrastado.

Apesar das oscilações, 3% termina muito bem, além de ser uma série que consegue dialogar com o público, especialmente nos 3 episódios finais, e tem como mérito nos fazer pensar a respeito de nossa própria realidade, em especial sobre a política, religião, status quo e, principalmente, a tão amada e odiada meritocracia.

O grande mérito de 3% é ter grandes chances de conseguir o que a global Supermax não alcançou: um futuro promissor.

16 setembro 2016

Hoje me reconheci feliz

Dia 16 de setembro de 2016

Hoje me reconheci feliz
logo após ter visto a tristeza naquele homem que há tanto tempo não via.

Hoje me reconheci feliz.
Seus olhos estavam fundos, perdidos, sem vida e cansados.

Hoje me reconheci feliz.
Sua pele queimada e manchada, e a postura curvada de quem parece ter todo o peso no mundo em seus ombros.

Hoje me reconheci feliz.
Ele parecia estar voltando de um trabalho que não gosta, para uma casa que não chama de lar, para uma família que não escolheria como sua.

Hoje me reconheci feliz.
De alguma forma, aquele corpo semi-morto, ao cruzar meu caminho por acaso, me fez reconhecer a minha própria felicidade. Uma felicidade que, de tão rotineira, se fez tímida.

Hoje me reconheci feliz.

09 setembro 2016

Analisamos o figurino de Michel Temer na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos

Dia 9 de setembro de 2016


A presença do presidente interino Michel Temer na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos ecoou dentro do Maracanã. Uma mensagem direta foi transmitida a todos os presentes e a todos os  espectadores por seu figurino.

O terno puxado para um tom escuro de um azul sóbrio, mostra que o novo comandante da nação não bebeu para comparecer à cerimônia. Assinado por algum estilista que nunca saberemos o nome, ele estava muito bem alinhado a seu corpo não-curvilíneo.

A escolha pelo terno de cor uniforme faz uma alusão à situação econômica do povo brasileiro, já que, assim como a vestimenta, os brasileiros também estão lisos. Nossos analistas de moda nos informaram que mensagens tão diretas como esta são capazes de trazer uma identificação rápida com a população média do país. As vaias que ecoaram não foram direcionadas para Temer, mas sim uma autocrítica dos próprios brasileiros em relação a sua histórica cultura de não trabalharem e só pensarem em crise.

A visível calvície, que nos fala que há ainda um vasto espaço para o país crescer, aliada aos cabelos puxados totalmente para trás, mostrando que não há mais como o país andar para trás, potencializam o discurso contra a recessão.

A camisa branca em conjunto com a gravata de um tom próximo ao rosa ou lilás é, talvez, a mensagem mais importante de todo o figurino: um pedido de paz às mulheres feministas e aos grupos LGBT's, que já se posicionaram quase em unanimidade contra seu governo. Note também que ele não utilizou em seu look nenhum detalhe em verde e amarelo, evidenciando que a partir de agora ele pretende se distanciar simbolicamente dos grupos que encabeçaram o "Fora Dilma".

Seu traje tradicional também é um aviso à economia de que em seu governo não haverá movimentos ousados, de modo que os empresários podem esperar dele atitudes mais conservadoras.

Por fim, seu discurso foi propositalmente curto, uma alusão à situação econômica do país, que sairá da recessão tão rápido quanto seu discurso de abertura das Paralimpíadas. É também uma mensagem de saúde pública, já que, pela velocidade, foi inspirada na voz da frase "Esse medicamente é contra-indicado em caso de suspeita de dengue".

Não estamos falando de um presidente. Não mesmo. Ele é um ícone da moda.


08 setembro 2016

‘A arte e o esporte são as nossas armas’, diz diretora de filme de Kosovo indicado no FESTICINI

Curta-metragem “Mona” é um dos 55 filmes de 18 países diferentes que concorrerão em 18 categorias no FESTICINI – 2° Festival Internacional de Cinema Independente

Dia 8 de setembro de 2016

Por Danilo Pessôa

O curta-metragem “Mona”, produzido em Kosovo, foi selecionado para participar do FESTICINI – 2° Festival Internacional de Cinema Independente. O filme, da diretora Lorena Sopi, concorre na categoria Melhor Música Original com outras cinco produções - duas da Espanha além de filmes do Brasil, Irã e Colômbia. O festival, que conta com um total de 55 produções de 18 países diferentes, acontece em Sumaré-SP entre os dias 16 e 30 de setembro.

Kosovo é um dos países dissidentes da antiga Iugoslávia. Independente desde 2008, ainda não é reconhecido por várias nações e entidades, como a ONU (Organização das Nações Unidas) e o próprio Brasil.
Curta metragem "Mona", da diretora Lorena Sopi


“Eu acredito que, além de nos fortalecermos como povo, moldando e resgatando nossa própria cultura e identidade, a arte e o esporte têm papel fundamental para que o mundo nos conheça e nos reconheça como uma nação. Estamos tentando abrir os olhos do público. Uma parte não sabe onde nosso país fica ou nunca ouviu falar. A outra acha que Kosovo é uma arena de guerra, um lugar onde apenas crimes, dor e terror são realidade. O mundo nunca viu o verdadeiro Kosovo ou talvez nunca quis ver o lado belo de meu país”, comentou a diretora Lorena Sopi.

Mesmo sem o reconhecimento oficial como país, a indicação de “Mona” ao FESTICINI foi a segunda vez no ano em que Kosovo conquista um lugar de destaque em terras tupiniquins. A primeira delas veio durante os Jogos Olímpicos realizados no Rio de Janeiro, quando a judoca Majlinda Kelmendi conquistou a medalha de ouro – a primeira da história do país.

O país europeu da região dos balcãs, que teve origem após se separar da Sérvia e até hoje luta por reconhecimento internacional, passa por uma instabilidade política e vive em constante ameaça de guerra com seus vizinhos.

“A arte e o esporte são nossas armas. Temos cantores mundialmente famosos, como Rita Ora, Bebe Rexha e Due Lipa. Escritores tão famosos no exterior quanto o brasileiro Paulo Coelho, como Ismail Kadaré, Anton Pashku e Fatos Kongoli. Cantores líricos reconhecidos em todo o mundo, como Inva Mula, Ermonela Jaho e Besa Llugiqi. Além, claro, de Majlinda Kelmendi, que conquistou nossa primeira medalha de ouro em Jogos Olímpicos”, disse.

“Portanto, a arte é algo diferente. Como diz meu pai, que também é diretor, ‘a arte é a zona frágil entre a vida e a morte’. Morte esta que vai além do sentido da vida. É uma zona de dimensões desconhecidas. Através da arte damos aos outros a nossa dor, a nossa esperança e, sobretudo, o nosso amor. A arte será sempre uma alternativa para a vida que sonhamos. Algum tipo de tratado para nossas esperanças. Por isso, a comunicação e o reconhecimento de nosso país em todas as formas de arte são, para mim, de uma importância fundamental.”


MONA

O curta de ficção conta a história de uma bailarina chamada Mona, que vê no palco durante seu ensaio uma garota muito parecida com ela. Ela corre para conhecê-la, mas a garota corre. Mona a procura pelas ruas da cidade, e vê a garota cruzando a rua por entre os carros. Mas em sua perseguição, um acidente acontece.

Segundo Sopi, “Mona” foi feito em um momento em que ela vivia um grande dilema em sua vida.
Filme é o representante de Kosovo no FESTICINI

“O filme foi desenvolvido para um projeto escolar. Eu estava em uma fase difícil, em dúvida sobre o que fazer do meu futuro, dividida entre continuar sendo bailarina contratada pelo Teatro Nacional de Kosovo ou me dedicar ao cinema. Foi então que descobri ‘Mona’, e isso me abriu horozontes, já que consegui mesclar minhas duas paixões”, contou.

O curta foi filmado em apenas um dia. O roteiro, também escrito pela diretora, foi inspirado em sua própria vida, já que durante seus longos ensaios de balé, a exaustão fazia com que ela tivesse algumas visões, distorções da realidade.


FESTICINI

Ao todo são 18 categorias em disputa. O vencedor recebe o Troféu FESTICINI, desenvolvido especialmente para o evento. O festival é totalmente voltado para a premiação de filmes independentes produzidos ao redor do mundo. Ao todo foram 610 produções inscritas, vindos de todos os continentes do planeta.

O evento conta com o patrocínio da APSEN Farmacêutica por meio de incentivo fiscal do Governo do Estado de São Paulo, além de realização da DZ.7 Realizações Artísticas. Para mais informações sobre o festival acesse www.festicini.com.br.


FILMES INDICADOS

MELHOR LONGA-METRAGEM

  • Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois – Brasil
  • Condado Macabro – Brasil
  • Percepção do Medo - Brasil


MELHOR MÉDIA METRAGEM
  • El Solecito Del Parque – Colômbia
  • Nua Por Dentro do Couro – Brasil
  • O Homem Que Virou Armário – Brasil
  • Reverso – Brasil
  • The Heat – Polônia


MELHOR CURTA METRAGEM
  • 14 Anys i Um Dia – Espanha
  • My Awesome Sonorous Life (Minha Incrível Vida Sonora) – Itália
  • No Caminho Dos Pés – Brasil
  • Pulso - Brasil
  • Wut - Espanha
  • Xavier - Brasil


MELHOR ANIMAÇÃO   
·         Criaturitas – Espanha
  • Cuerdas En La Vida – México
  • Feardom – Espanha
  • Golden Shot – Turquia
  • Roger – Espanha
  • Rosso Papavero - Eslováquia


MELHOR DOCUMENTÁRIO        
·         Benett – Brasil
·         Composto – Brasil
  • De Que Lado Me Olhas – Brasil
  • Inferno – Brasil
  • Preto, Pobre, Puto – Brasil
  • Saving Mr. Marbles  (Senhor Bolinhas de Gude) - Argentina


MELHOR ATOR
  • Eduardo Tocha (Tudo Que Você Ama Lhe Será Arrebatado) – Brasil
  • Flávio Fonseca (Tem Alguém Feliz Em Algum Lugar) – Brasil
  • Joaquim Lopes (Pulso) – Brasil
  • Michael Dukes (Duellum) – Espanha
  • Michal Wlodarczyk (Adaptation) – Polônia
  • Tristan Tenot (Horla) – França/Coreia do Sul


MELHOR ATRIZ
  • Amanda Pereira (Embaraço) – Brasil
  • Cristina Amadeo (Tem Alguém Feliz em Algum Lugar) – Brasil
  • Isabelle Vary (L’Instant) - França
  • Malgorzata Witkowska (Adaptation) – Polônia
  • Priscila Vilela (O Menino do Dente de Ouro) – Brasil
  • Rejane Arruda (Eclipse Solar) - Brasil


MELHOR ATOR COADJUVANTE
  • Benjamin Kraatz (Provisórios) – Suíça
  • Dariusz Siastacz (Adaptation) – Polônia
  • Gregório Musatti (Xavier) – Brasil
  • Lino Colantoni (O Seco) – Brasil
  • Marcus Veríssimo (Dissonante) – Brasil
  • Rafal Fudalej (The Heat) - Polônia


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
  • Karine Ordônio (Maria) – Brasil
  • Leda Santana (Provisórios) – Suíça
  • Natalia Hubner (Eclipse Solar) – Brasil
  • Pilar Alcalá (14 Anys i Um Dia) – Espanha
  • Sofia Frozza Ampese (Três Dentes de Ouro) - Brasil


MELHOR DIRETOR
  • Giorgi Todria (Lost Village) – Espanha/Geórgia
  • Philippe Costa (Aspirina para Dor de Cabeça) – Brasil
  • Saman Hosseinpuor (Autumn Leaves - Folhas de Outono) – Irã
  • Sergi Marti Maltas (Wut) – Espanha
  • Stefania Vasconcellos (No Caminho dos Pés) – Brasil
  • Tucker Dávila Wood (Duellum) – Espanha


MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
  • Antonio Gonzaléz Méndez (Titan) – Espanha
  • Gerardo González Pérez (Cuerdas Em La Vida) – México
  • Gorka Gómez Andreu (Lost Village) – Espanha/Geórgia
  • Petrus Cariry (Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois) – Brasil
  • Ricardo Fujii (Aspirina para Dor de Cabeça) – Brasil
  • Zanyar Lotfi (Autumn Leaves - Folhas de Outono) – Irã


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
  • João Inácio (Carta da Esperança) – Brasil
  • Kyrylo Sopot e Gabriel Galand (Horla) – França/Coreia do Sul
  • Lucas Neves (Tudo Que Você Ama Lhe Será Arrebatado) - Brasil


MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
  • Bartosz Kruglik (Adaptation) – Polônia
  • Felipe de Amorim (Tigre, Tigre) – Brasil
  • Gökalp Gonen (Golden Shot) – Turquia
  • Marcelo Ikeda (O Homem que Virou Armário) – Brasil
  • Ricky Mastro e Eduardo Mattos (Xavier) – Brasil
  • Sergi Marti Maltas (Wut) – Espanha


MELHOR FIGURINO
  • Aitziber Sanz Pascual (Titan) – Espanha
  • Josiane Silva (Três Dentes de Ouro) – Brasil
  • Laura Katz (Horla) – França/Coreia do Sul
  • Laura Riaño Arévalo (El Escape) – Colômbia
  • Tas Basterra (Duellum) – Espanha
  • Viviane Castelleone (Aspirina para Dor de Cabeça) - Brasil


MELHOR EDIÇÃO DE SOM
  • Gilmer Huayna (Ka) – Peru
  • Gökalp Gonen (Golden Shot) – Turquia
  • Ignasi López (Criaturitas) – Espanha
  • Iosu González (Lost Village) – Espanha/Geórgia
  • José M. Sospedra (Wut) – Espanha
  • Marco Testa (My Awesome Sonorous Life) – Itália


MELHOR MÚSICA ORIGINAL
  • Felipe Monsalve (El Escape) – Colômbia
  • Jan Fité (Roger) – Espanha
  • Maria Gadú e Aureo Gandur (Pulso) – Brasil
  • Rodrigo Leão (Mona) – Kosovo
  • Sirvan Azizi (Autumn Leaves - Folhas de Outono) – Irã
  • Tomás Simon (Dins La Fosca) – Espanha


MELHOR MAQUIAGEM
  • Amanda Gómez (Dins La Fosca) – Espanha
  • Cedric Martin (Horla) – França/Coreia do Sul
  • Dri Chepezan (Embaraço) – Brasil
  • Fábio Servullo (Condado Macabro) – Brasil
  • Manuela Martínez (Roboethics) – Espanha
  • Pedro Vincuna (Aspirina Para Dor de Cabeça) - Brasil


MELHOR MONTAGEM

  • Aleksander Nascimento (Reverso) – Brasil
  • Amanda Melo (Pombal 350) – Brasil
  • Gerardo González Pérez (Cuerdas Em La Vida) – México
  • Jamie Alain (Collider) – Canadá
  • Ramón de Los Santos (O Efeito Isaías) – Portugal
  • Tomas Sposato (Fantástico) - Argentina

02 setembro 2016

Um Golpe de Direita

Dia 2 de setembro de 2016

A luta foi televisionada. Não necessariamente na íntegra. Transmitiram apenas os melhores momentos. Ou melhor, o que eles julgaram ser os melhores momentos. A batalha foi editada.

Boa parte do público presente no ringue gritava o nome do desafiante. O atleta desafiado, já sabendo de sua eminente derrota, decidiu que apenas um nocaute o tiraria da luta. Uma parte do público que estava do lado de fora gritava seu nome. A última etapa da luta estava para começar.

O público presente no ringue que gritava o nome do desafiante, uma massa de gente composta, em sua maioria, por homens brancos de meia idade, sabia que ele não era um heroi ou um grande exemplo a ser seguido. Era mais um grito de ódio ao outro que de apoio a este.

Já os do lado de fora eram, a olhos nus, mais misturados, menos homogêneos. Eles gritavam o nome do cambaleante atleta. Assim como os outros, estes também sabiam que o futuro derrotado nem sempre deu à eles a atenção que mereciam. Não havia herois naquele espaço.

A batalha que, para alguns, tinha traços épicos, para outros - inclusive para mim - era travada por dois selvagens, lutando em uma selva travestida por um edifício luxuoso e por pessoas supostamente civilizadas. Não era tatame, mas ringue. Mas não era boxe. Não era MMA. Aquilo era um vale-tudo.

O juiz deu o sinal. Começou o sexto assalto. E - não se enganem! -, desse e dos outros assaltos ambos os lutadores participaram. O desafiado, mesmo cansado, permanecia de pé. O desafiante, percebendo sua fraqueza, partiu para cima e lançou-lhe um golpe. Não com os pés, não com a cabeça. Mas, sim, com a mão. Com a mão direita. O golpe de direita acertou diretamente seu oponente, que caiu e lá permaneceu até o final da contagem.

O desafiante conquistou a faixa e se tornou o novo campeão. Dias após a batalha, o perdedor não se conformava com o golpe que levou, dizendo ter sido irregular. E foi mais além: denunciou que os juízes haviam sido comprados. Um verdadeiro escândalo que, obviamente, não foi incluído na edição transmitida pela televisão. Se isso foi verdade, não se sabe. A única certeza é que, de fato, alguns milhares de reais a mais têm aparecido mensalmente nas contas bancárias dos juízes.

Mas não se preocupem. As coisas nem mudaram tanto. O atleta nocauteado está bem de saúde, liberado pelo departamento médico para participar de outras lutas. O mais novo campeão continua sem grande popularidade. O público mantém seu ódio. A televisão permanece editando.

O novo vencedor, aliás, parece ser imbatível. Alguns o estão comparando até com um dos maiores lutadores da história: o famoso campeão de 1964.


-------- in English --------

Right Punch

September 2nd, 2016


The fight was televised. Not necessarily in full. Only the best moments was transmitted - or rather, just what they judged to be the best times. The battle was edited.

Almost all of the audience shouted in the ring the challenger's name. The challenged athlete, knowing of his imminent defeat, decided that only a knockout would remove him from fighting. A part of the audience that was outside shouting his name. The last stage of the struggle was to begin.



The crowd in the ring who was shoutting the challenger's name, a folk mass composed mostly by white middle-aged men who knew he was not a hero or a great example to follow. It was more a hate against the other fighter than to support him.



Outside were, the people was obvious more mixed, less homogeneous. Women, black, artists, homosexuals and other groups shouted the name of tottering athlete. Like the others, they also knew that the future defeated fighter not always gave them the attention they deserved. There were no heroes in that place.


The battle had epic traits for some people. But to others - including me - it was fought by two wild beasts. After all, it was a jungle disguised by a luxurious building and supposedly civilized people. It was not tatami, but ring. But it was not boxing. It was not MMA. It was a fight with no rules.

The judge gave the signal. The sixth round* has begun. And - make no mistakes! - both of fighters this participated of this and the
 other rounds. The challenged, even tired, stood. The challenger, knowing his weakness, went up and gave him a blow. Not with his feet, not with his head. But with his hands. With his right hand. The right punch strike directly hit your opponent, who fell and remained there until the end of the count.

The challenger won the track and became the new champion. Days after the battle, the loser didn't conform to the punch that he brought, saying the other fighter had been irregular. And he went further reported that the judges had been bought. A scandal. But, obviously, it was not included in the edition broadcast on television. If it was true, I don't know. The only certainty is that, in fact, a few thousand dolars more have appeared monthly in the bank accounts of the judges.

But don't worry. The things doesn't have changed so much. The knocked out athlete 
is in good health, released by the medical department to participate in other fights. The youngest champion continues without great popularity. The public keeps his hatred. Television remains editing.

The new winner, incidentally, seems to be unbeatable. Some are even comparing him with one of the greatest fighters in history: the famous 1964 champion.

*In portuguese, round and assault are the same word

26 agosto 2016

Lista do Dan: Os 10 melhores youtubers estrangeiros que falam em português

Dia 26 de agosto de 2016

Kéfera, Whindersson, Felipe Neto, PC Siqueira... há alguns anos o YouTube vem transformando anônimos em grandes celebridades da web, muitas vezes com sucesso comparável às estrelas do show business convencional, como TV e cinema. 


Fora desse mainstream do YouTube brasileiro, está surgindo cada vez mais youtubers com uma coisa em comum, e que eu, particularmente, gosto muito: estrangeiros que, por vários motivos, aprenderam ou estão aprendendo português brasileiro e criaram canais com temáticas variadas, tendo nosso idioma como linguagem principal de comunicação.


Com temas variados, os canais acabam se tornando uma ótima oportunidade para esses youtubers mostrarem um pouco de seu próprio país para nós, brasileiros.


Veja abaixo a lista dos melhores youtubers estrangeiros com vídeos em língua portuguesa do Brasil.

.: Gringos no Brasil :. (EUA/França)


O canal Gringos no Brasil era apresentado por Brian, dos EUA, e Alex, da França. Infelizmente, após a volta de Brian para seu país natal, o canal foi paralisado por tempo indefinido. Porém, nesses aproximadamente 6 meses em que esteve no ar, deu pra notar a melhora no português de ambos os apresentadores, e se divertir também com os vídeos sobre diferenças entre os países, relacionamentos, discussão sobre estereóticos, pronúncia de palavras tanto em nossa língua quanto em inglês e francês, além de divertidas aventuras culinárias dos rapazes.

O primeiro vídeo do canal foi publicado em março de 2015. Apesar de desativado, eles mantém pouco mais de 113 mil inscritos. Brian mantém agora seu próprio canal, o Brian Roxbury. Já Alex está no canal Casal Internacional com sua namorada Larissa

.: Brian Roxbury:. (EUA)

O estadunidense Brian Roxbury saiu do Brasil, mas o Brasil não saiu dele. Mesmo de volta a seu país natal, o ex-Gringos no Brasil mantém um canal no nosso idioma, com as mesmas características do seu antigo canal. Esse foi o primeiro que eu realmente gostei e passei a acompanhar. A partir do canal de Brian é que fui conhecendo outros canais e youtubers gringos, já que ele grava vídeos em parceria com vários deles, incluindo Michele, sua noiva brasileira e também youtuber do canal A Gringa Agora sou Eu.

Brian mora com sua noiva brasileira Michele, que participa de grande parte de seus vídeos. Além das temáticas que já eram presentes no Gringos no Brasil, o canal de Brian tem gincanas entre participantes, aventuras nem sempre bem sucedidas na cozinha, a presença hilária em alguns vídeos de seu chefe Matt, e também um pouco de nostalgia em relação ao nosso país. Foi através desse canal que conheci o site lyrictraining.com, muito bacana para treinar sua percepção auditiva em idioma estrangeiro através de músicas. Um fato curioso é que o casal mora na mesma cidade de um outro youtuber, o Gavin, do canal Small Advantages.

O primeiro vídeo nesse formato foi publicado em fevereiro de 2016. Brian Roxbury tem aproximadamente 99 mil seguidores.


.: SmallAdvantages 
:.(EUA)


SmallAdvantages, ou Vantagensinhas, é um divertido canal apresentado por Gavin, que começou a aprender português por conta própria, coisa que nem ele sabe definir ao certo os motivos. Além de vídeos sobre assuntos variados e humorados, Gavin dá dicas de inglês para quem, assim como ele, estiver aprendendo um idioma extra, e mostra seus próprios passos no aprendizado do idioma tupiniquim. Ele é um apaixonado pela gramática. Sorte dele.

Assim como Brian, Gavin faz vídeos em parceria com vários outros youtubers, gincanas, curiosidades, dicas variadas. Um adicional ao seu canal são os vídeos em que canta músicas brasileiras, em especial, as da banda Legião Urbana.

O primeiro de SmallAdvantages foi publicado em janeiro de 2015, e conta com aproximadamente 237 mil seguidores.

.: Olá Brasil :. (França)


Olá Brasil é um canal de humor apresentado pelo divertido francês Alexis. A edição de seus vídeos é ótima, e dessa lista é um dos que mais se aproxima do formato dos principais youtubers brasileiros. Além de comédia, o canal conta também com dicas de francês, curiosidades, entrevistas, música e participação de outros youtubers. 

O primeiro vídeo de Olá Brasil foi publicado em março de 2015. O francês possui aproximadamente 32 mil seguidores.


.: Yukontorn Tappabutt :. (Tailândia)


A risonha e simpática tailandesa Yukontorn Tappabutt é a apresentadora desse canal. Achou o nome muito complicado? Então podem chamá-la simplesmente de Ann. Um dos principais focos de seu canal é a culinária - Ann chegou a participar da primeira etapa de uma das edições do Master Chef Brasil. Nos vídeos, ela ensina como preparar pratos exóticos da culinária de seus país. Além disso, apresenta para nós de forma divertida a, para a maior parte nós, desconhecida Tailândia e o mais ainda desconhecido tailandês.

O primeiro vídeo do canal nesse formato foi publicado em fevereiro de 2014. Ann possui aproximadamente 8,8 mil seguidores.

.: VT Mattos :. (Brasil)



VT Mattos é um canal apresentado pelos brasileiros Vinícius e Aline. Mas, sendo brasileiros, o que estão fazendo nessa lista? Pois é, toda regra tem exceção. O casal está morando atualmente no Canadá e, nesse país, eles fizeram amizades com pessoas de várias nacionalidade.

Além de temas mais diversos, um dos pontos altos do canal é o quadro Gringos Reagem, onde eles apresentam aos gringos coisas famosas do Brasil, como música e vídeos virais, além de gincana para descobrir quem sabe mais sobre a cultura tupiniquim. Os vídeos que não são em português têm legenda, e o pessoal é geralmente bem engraçado, além de adorarem o que é feito no nosso país - com exceção da MC Melody, é claro. Sem esquecer das participações muito engraçadas da voz do Google.
O primeiro vídeo do canal foi publicado em novembro de 2015, e possui aproximadamente 116 mil seguidores.


.:Russo no Brasil:. (Rússia)
O canal Russo no Brasil é apresentado pelo russo (ahhh vá) Alexei. Seguindo o formato dos outros canais, ele foca bastante nas curiosidades entre países, dicas de músicas, fatos pessoais, e muita mas muita comida. Mas ao contrário dos outros canais, Alexei gosta mesmo é de comer. E quem não gosta, né?

O primeiro vídeo do canal foi publicado em maio de 2016, e possui aproximadamente 175 mil seguidores.



.: O Alemão :. (Alemanha)

O canal O Alemão, é apresentado por Axel, e conta com algumas aulas rápidas de seu idioma, além de dar a oportunidade para nós conhecermos um pouco mais sobre a própria Alemanha pelo olhar de um nativo, além de acompanhá-lo em várias de suas viagens por alguns países.

O primeiro vídeo do canal foi publicado em junho de 2011, e possui aproximadamente 80 mil seguidores.


.: Amigo Gringo :. (EUA)

Amigo Gringo é um canal bacana para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a cidade de Nova Iorque. É escrito e apresentado pelo jornalista Seth Kugel, o canal dá dicas de passeios, transportes e restaurantes. Apesar de apresentar um humor um pouco engessado, realiza algumas pontes entre a cultura do Brasil e dos EUA que valem a pena.

O primeiro vídeo do canal foi publicado em outubro de 2014, e possui aproximadamente 300 mil seguidores.

.: Casal Internacional :. (França/Brasil)
O canal Casal Internacional é apresentado pelo simpático casal franco-brasileiro Alex e Larissa. Os vídeos funcionam quase que como um diário de viagens, onde eles comentam e dão dicas sobre as diversas viagens que eles fizeram desde a criação do canal, incluindo várias curiosidades.

O primeiro vídeo do canal foi publicado em outubro de 2015, e possui aproximadamente 8,6 mil seguidores.

Vocês têm mais sugestões? Opinem e comentem!

13 junho 2016

Atiraram

Dia 13 de junho de 2016

Entraram. Atiraram.
Não me conheciam. Atiraram.
Não perguntaram o meu nome. Atiraram.
Não sabiam de onde eu vim. Atiraram.
Não olharam nos meus olhos. Atiraram.
Não me deixaram dizer adeus. Atiraram.
Não aguardaram meu último suspiro. Atiraram.
Mataram meu corpo, mas jamais o que sou.

"Meu irmão - que era gay - foi assassinado com 107 facadas. Sete facadas matam um homem, para que outras cem? O que o cara quer matar ao apunhalar um cadáver sem parar? Matar algo que ele não consegue". (Zé Celso)

Em memória de todas as vítimas de intolerância.

-------- in English --------

They entered. They shot.
They didn't know me. They shot.
They didn't ask my name. They shot.
They didn't know where I came from. They shot.
They didn't look in my eyes. They shot.
They didn't let me say goodbye. They shot.
They didn't wait my last breath. They shot.
They killed my body, but never what I am.

"My brother - who was gay. - was killed with 107 stab wounds. Seven stab wounds kill a man, so why that other hundred? What a guy wants to kill stabbing a corpse without stopping? Kill something he can't". (Ze Celso)

In memory of all intolerance victims.

24 março 2016

Abaporu: comer e vomitar

Dia 24 de março de 2016

Sim, o blog está sendo realmente pouco atualizado ultimamente. Estou eu bebendo e comendo de outras fontes. Nem todas tão construtivas, devo confessar. Mas as ideias e a formação não precisam vir necessariamente do erudito. Esse é um pensamento elitista e pretensioso.

O problema não é nem tanto o que comemos ou bebemos, mas sim o que vomitamos. Perdoem-me a escatologia. Mas uso esses termos com total consciência, já que não existe época mais escatológica que nossos tempos atuais, especialmente no Brasil.
#PraCegoVer - Imagem do quadro Abaporu. Um
homem sentado com as pernas dobradas, e pés e mãos gigantes e segurando sua pequena cabeça com a mão esquerda. Atrás dele existe um cacto com uma flor. // #Inclusion - Abaporu image frame. A man sitting with his bent leg, with giants feet and hand. He is holding his little head with his left hand. Behind him there is a cactus with a flower.

Tive a oportunidade, em janeiro deste ano, de conhecer a capital argentina e, consequentemente, de visitar o MALBA (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), onde pude ver de perto o quadro mais emblemático da arte brasileira: o Abaporu, de Tarsila do Amaral. Ou "o homem que come carne humana", em tupi guarani. E, assim como um dos movimentos artísticos mais importantes da história brasileira, o Movimento Antropofágico, iniciado na Semana de Arte Moderna de 1922 a partir dessa obra, o principal não é o conhecimento que nos é oferecido (aquilo que comemos), mas sim a forma como devolvemos esse conhecimento para o mundo (regurgitar é preciso!).


Vivemos um tempo em que a escatologia de O Abaporu se faz necessária. Fiz, alguns anos atrás, um curso onde, antes de qualquer apresentação ou boas-vindas, podíamos ver um cartaz com a seguinte frase: "Não acredite, experimente. Tenha suas experiências pessoais". E isso me marcou bastante. A partir do momento em que temos a consciência de que o monopólio do conhecimento não é nosso; a partir do momento em que nos damos o benefício da dúvida; de que deixamos de julgar a convicção do outro e passamos a analisar criticamente as nossas próprias convicções, sejam elas políticas, espirituais ou esportivas, é que cresceremos. É fácil vomitar o conhecimento do outro. Difícil mesmo é regurgitar o nosso.

Quem melhor pra criticar suas próprias convicções que você mesmo? Assim como o vômito literal, esse também não é muito agradável. Mas em tempos de polarização extrema, a escatologia filosófica de Abaporu pode nos ajudar a, pelo menos, não sermos fundamentalistas arrogantes. Quem sabe, comendo e vomitando, nós não conseguiremos pelo menos uma boa convivência entre nós?

"Ainda quero paz, eu quero alegria
Fazer melodia à luz do luar, la la laiá
Encontrar os amigos, fazer poesia
Deixando a saudade na fotografia
Coisa melhor não há"
(Mr.Catra)
Obs: Eu disse que estava bebendo e comendo de diversas fontes.

#PraCegoVer - Imagem do quadro Abaporu. Um homem sentado com as pernas dobradas, e pés e mãos gigantes e segurando sua pequena cabeça com a mão esquerda. Atrás dele existe um 
cacto com uma flor.


-------- in English --------

Abaporu: eat and vomit

March 23th, 2016

Yes, this blog is being updated infrequently. I am drinking and - why not? - eating from other sources. Not all as refined, I must confess. But the ideas need not necessarily come from the scholar. This is an elitist and pretentious thought.

The problem is not so much what we eat or drink, but what We vomit. Forgive me the eschatology. But I write these terms in full consciousness, since there is no longer eschatological time that our present times, especially in Brazil.

In the last January, I travelled to Argentine capital and, consequently, I visited the MALBA (Latin American Art Museum of Buenos Aires), where I could see the most emblematic picture of Brazilian art: Abaporu, by Tarsila do Amaral. Or, in a Tupi Guarani translation, "the man who eats human flesh". And as one of the most important artistic movements of Brazilian history, the Antropofágico Movement started in the Modern Art Week of 1922 from this work of art, the main isn't the knowledge that is offered to us (what we eat), but how we return this knowledge to the world (regurgitate it takes!).

We live in a time when the eschatology of the Abaporu is necessary. I did a few years ago, a course where, before any presentation, we could see a poster with the following sentence: "Don't believe, experiment. Have your own experiences". That impressed me a lot. From the moment that we are aware that the monopoly of the knowledge is not ours; from the moment we accept the benefit of the doubt; that we fail to judge the conviction of the other and we started to critically examine our own beliefs, whether political, spiritual or sports, we can grow. It's easy to throw up on the knowledge of the other. The hard thing is to regurgitate our knowledge.

Who is better to criticize your own convictions that yourself? Just as the literal vomiting, this is not very pleasant. But in extreme polarization times, the philosophical eschatology of Abaporu can help us to not be arrogant fundamentalists, at least. Who knows, eating and throwing up, we can be able at least one good relationship between us?

"I still want peace, I want happiness
Make melody in the moonlight, la la laia
Find friends, do poetry
Leaving the longing on the photo
best thing there is"
(Mr.Catra)


Note: I told you I was drinking and eating from various sources.

#Inclusion - Abaporu image frame. A man sitting with his bent leg, with giants feet and hand. He is holding his little head with his left hand. Behind him there is a cactus with a flower.

02 março 2016

Entrevista de Emprego

Dia 2 de março de 2016

- O que eu busco não é necessariamente o que vocês me oferecem. Isso, claro, se, desde o início, superarmos o comer, beber e morar. A busca, em geral, costuma transcender o básico. Viver. Busco viver. Percebe como não procuro o que você me oferece? Dá-me ar condicionado enquanto quero brisa fresca. Envia-me fretado enquanto quero viajar sem destino.  O que procuro não pode ser oferecido aqui. Eu sei disso. Você sabe.
O que procuro, porém, também não posso me oferecer. Tendo isso em vista, questionar sobre essa busca talvez não seja uma forma adequada de iniciarmos essa conversa. Ao menos não em um diálogo franco e aberto. Proponho, então, superarmos desde já as formalidades e falsas aparências criadas desde a entrega do meu currículo. Eu não sou meu currículo. Ninguém o é. Supere isso. E o diálogo, apesar de aparentemente ser com você, é, na verdade, entre mim e uma instituição privada que visa o lucro através de uma mão de obra que seja qualificada o bastante para exercer a função por um valor que seja o mínimo possível. Essa busca, sim, é a real. A minha é apenas ilusão, sonho, devaneio. Estou aqui porque sou aquele que essa empresa busca. Posso desempenhar tais funções de forma adequada, tenho capacidade e estudo, e preciso comer, beber e morar, pois tenho fome, sede e a necessidade de manter meu lar. Tendo isso em vista, minha busca é o que menos importa. A pergunta sou eu quem lhe farei. Eu sou o que vocês buscam?

O entrevistador, desconcertado, responde.

- Bem... de fato seu currículo nos surpreendeu. É bem provável que você seja contratado. Porém, uma última pergunta. Qual o seu maior defeito?

- Sinceridade.