BRASIL: UMA PANELA DE PRESSÃO (OU ESTAMOS PERDIDOS)

O QUE ACONTECERÁ QUANDO A PANELA DE PRESSÃO EXPLODIR?

(SEM) INSPIRAÇÃO

HOJE ACORDEI INSPIRADO. MAS ACHO QUE EXPIREI.

SOBRE SER CULTO

A VIDA NÃO SE RESUME AO FACEBOOK.

A REVOLUÇÃO DOS MACACOS

SOMOS TODOS MACACOS, ALGUNS MAIS MACACOS QUE OUTROS.

NU

HOJE ME DEU VONTADE DE ESTAR NU.

30 setembro 2010

Ensaio Sobre a Morte

Nesta semana vi minha primeira morte.

Trabalho em um posto de saúde de Sumaré. Na última terça-feira estava marcando exames normalmente, até que percebo uma grande movimentação. Duas enfermeiras saem correndo. Minha chefe volta da rua a grita "Danilo, liga pro 192 porque tem uma mulher passando muito mal!".


Liguei para a emergência e descobri, no meio da ligação, que não sabia dar informação alguma à moça do 192. Corri para a calçada para passar o telefone para alguém que estivesse mais por dentro da situação. Do lado de fora vi uma mulher um tanto obesa deitada no chão de uma garagem. Mais tarde fui saber que aquela era a casa dela. Mais tarde fui saber que, por irônia do destino e incompetência médica, ela acabara de receber alta do Hospital Estadual de Sumaré.

Mas a mulher não estava sozinha. Três enfermeiras do posto prestavam os primeiros atendimentos. Um médico que também trabalha comigo fazia massagem cardíaca. Suas duas filhas estavam postas de pé, chorando.
"Ela tem edema pulmonar, é diabética e hipertensa", disse uma das filhas ao médico, ao ser questionada sobre a saúde da mãe. Isso me fez entender mais a fundo a gravidade do caso. E fora nós que estávamos, de alguma forma, tentando ajudar, havia mais de uma dezena de pessoas, incluindo alguns funcionários aleatórios do posto, ao redor do corpo inanimado. Mais que uma possível morte, para alguns aquilo era um show mórbido do qual se deliciavam. Era mais que curiosidade. Era vontade. Vontade de ver. Havia um mistura de expectativa e excitação nas pessoas.

Entreguei o telefone para uma das enfermeiras e saí. Voltei ao meu serviço. Eu não sou médico ou enfermeiro. Não podia ajudar, não queria atrapalhar e... não gosto de Brasil Urgente.

Quase uma hora depois recebemos a notícia que a mulher havia morrido. Não costumo ser muito sentimental e não cheguei a ficar triste, já que não conhecia a mulher. Mas fiquei pensando no quanto a vida é efêmera. Ao presenciar, mesmo que indiretamente, a morte de uma pessoa, acabei me sentindo mais vivo. Esta será uma experiência que jamais vou esquecer. Não somos preparados para a morte. Ser obrigado a encará-la nos faz rever alguns de nossos conceitos.
Que possamos aproveitar todo o tempo que nos resta.
Carpe Diem!

09 setembro 2010

O Poeta Morreu

O poeta morreu.

A cidade ficou um tanto cinza, desbotada, desversada.
O mais estranho de tudo é que todas as coisas continuavam no mesmo lugar, indiferente à morte do poeta.

O pedreiro continuava a construção da casa. A cozinheira fazia o almoço da família. O empresário contratava e demitia. As crianças iam à escola.

Nada mudou. Mas houve mudança.

A partir de agora, quem iria observar a suavidade do pássaro ao voar, o nascer imponente do Sol ou o silêncio inquieto da noite? Nem o pedreiro, a cozinheira ou o empresário iriam fazer isso.

A cidade e as coisas estavam tristes, não porque havia de fato acontecido alguma mudança, mas porque não havia mais ninguém capaz de reparar na beleza da vida. Observar e dar significado às coisas era função do poeta.

A poesia também morreu.

04 setembro 2010

Somos Todos Jacks Estripadores

No açougue:
- Ô João, me vê essa costela!

O mundo segmentado nos transforma - a todos nós - em seres semelhantes a Jack, o Estripador.

Desde crianças somos obrigados a pensar por partes. Na escola não há associação de matérias. Começa a aula de matemática apenas após o término da de português. A
partir do momento em que o conhecimento é segmentado, ele se empobrece.

Até na hora de ir ao médico vamos por partes. Às vezes me pergunto se a pessoa é um mero coração quando vai ao cardiologista, ou uma mera genitália quando vai ao urologista ou ginecologista. Há cada vez mais especialistas; há cada vez menos generalistas.

Mas como ser diferente com um modelo educacional tão ultrapassado, com instituições burras de ensino, que geralmente analisam a sua capacidade de decorar informações, e não necessariamente de absorver conhecimento?

É necessário mudança! Isso ficou mais evidente com meus estudos sobre Física Quântica. Enquanto as outras áreas do conhecimento descrevem os seres vivos como um conjunto de moléculas, a física quântica diz que somos uma dinâmica molecular. E essa ideia faz toda a diferença. Não somos um amontoado de partes, mas sim o conjunto de todas elas.

A segmentação foi criada para facilitar nossa contextualização, e não para nos limitar. É preciso romper as barreiras impostas a nós.

- Aqui está a costela, Jack