O filme “História da Eternidade”
foi o penúltimo a ser apresentado no 6° Festival de Cinema de Paulínia. Chegou tímido,
já que a grande atração da noite seria “Infância”, estrelado por Fernanda
Montenegro. Chegou e ficou. Ficou com cinco prêmios, entre eles o de Melhor
Filme, Melhor Direção para Camilo Cavalcante, Melhor Ator para Irandhir Santos
e Melhor Atriz divididos entre as três protagonistas Marcélia Cartaxo, Zezita
Matos e Debora Ingrid, e se consagrou como o grande vencedor do festival.
O primeiro longa-metragem de Camilo
Cavalcante se passa em pleno sertão nordestino. Porém, vai além dos clichês
seca e miséria do qual estamos acostumados. As tragédias contadas pelo olhar
sensível de Cavalcante, tal como nas obras de Nelson Rodrigues, não é material,
mas humana.
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Não faltam cenas bonitas e
impactantes no longa. As câmeras vivas do diretor agem quase como um personagem
adicional do filme, mostrando ângulos de beleza estética ímpar, como na
cena em que o personagem de Irandhir Santos realiza uma performance ao som da
música “Fala”, do grupo Secos e Molhados. O personagem nos faz questionar sobre como ser artista em pleno sertão nordestino. Mas acho que também nos questiona sobre como ser artista em nosso país.
O longa atingiu em cheio os
espectadores, que aplaudiram por duas vezes cenas soltas do filme. Atingiu
porque foi poético e corajoso. E o principal: abandonou os clichês, pois, ao
contrário dos outros filmes que retratam o sertão nordestino, em “História da
Eternidade” a grande tragédia dos personagens acontece quando a chuva aparece.
A seca do nordeste – e talvez do mundo – é mais que de água, é de amor.
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