10 de junho de 2014
Na minha casa vai ter copa.
Na verdade, minha casa tem copa desde que foi construída. Meus pais quiseram assim. "Divide melhor a casa", afirmaram eles. Na copa de casa só existe uma mesa de jantar. Porém, nem sempre jantamos nela. Seria a copa de casa, então, um elefante branco? É algo a se pensar.
Mas nem todas as casas tem copa. E nem todas as pessoas tem casa. Algumas casas não tem pessoas. Já a Casa do Povo deve ter copa. Só não deve ter povo.
Na casa do meu avô também tem copas. Pensando bem, não é bem na casa, mas sim no baralho. Com seus quase 90 anos, é um truqueiro de mão cheia. Olha, sorrateiro, pro seu parceiro de jogatina, e levanta a sobrancelha avisando tem carta boa na mão. Poderia ser o zape. Mas - ele sabe - um copas é sempre bem vindo.
No mundo de Mário também tem Koopa. Koopa, no mundo de Mário, é sinônimo de vilania. O Koopa do mundo de Mário já sequestrou uma princesa, jogou bombas e subiu em um balão com rosto de palhaço. Por outro lado, nunca tirou pessoas de suas casas, não superfatura estádios e não matou operários.
Se, na história de Alice, a Rainha de Copas joga criquet, por aqui, a Copa do Mundo joga futebol. Serão 32 países e, dizem, mais de um bilhão de pessoas assistindo, além de um milhão de turistas estrangeiros. Pra minha mãe não vai ter Copa. Ela diz que fica "muito nervosa quando tem jogo do Brasil". Tenho amigos que vão ao estádio ver o jogo e estão felizes da vida. Alguns vão protestar. Outros, ainda, assistir pela telinha.
O Koopa continua sendo um vilão. E meu avô continua jogando seu baralho.
- Truco! - gritou ele.
- Seis!
- Nove!
- Doze! - disse o adversário, mostrando o zape.
E meu avô perdeu, com o copas na mão.
1 Comentários:
Muito bom seu texto Danilo, parabéns!
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