22 de maio de 2014
Ricardo Palacios, médico formado pela Universidade Nacional da Colômbia e atual universitário na faculdade de Ciências Sociais da USP, tem uma visão idealizada das coisas. Se considerarmos apenas que a USP vive hoje uma crise financeira grave, a cobrança de mensalidade na universidade pública (??) seria, talvez, um meio de recuperar os cofres da instituição.
Porém, se pensarmos no contexto, veremos que esta é uma opinião simplista. Somos o país que mais paga imposto no mundo, e temos o pior retorno em serviços. Alguém questiona que, apesar dos impostos, a educação, a saúde, a segurança, o transporte e outra série de coisas vão mal – muito mal – em nosso país?
A USP recebe 5% de todo ICMS arrecadado pelo governo de São Paulo, imposto que encarece 18% de boa parte das mercadorias compradas pela população. Dessa forma, quem compra mais coisas (os ricos), acaba dando uma contribuição maior para a manutenção da USP do que os que compram menos coisas (os pobres). Justo! Todos nós já financiamos a educação. Os mais abastados com mais, os menos privilegiados com menos. O que Palacios não cobra em seu artigo é uma investigação sobre onde e como todo esse montante é aplicado. Segundo levantamento de 2012, o estado de SP recebeu R$ 109.103.539.000,00 em ICMS; dessa forma, só a USP, recebeu no ano de 2012 R$5.455.176.950,00. Estamos falando em bilhões. Isso não é suficiente para manter uma universidade? Não sei. Você não sabe. Ninguém sabe. Sabemos apenas que nós, ricos e pobres, já pagamos impostos abusivos para serviços que não temos. O que Palacios, Folha de S.Paulo, e até mesmo alguns professores da própria USP estão propondo é pagarmos mais uma taxa por mais um serviço que não teremos.
A pergunta é: o chamado “Fundo Fraterno”, em um Brasil notadamente corrupto, será utilizado, na prática, para financiar quem? Os alunos ou os detentores do poder?
Sou contra a mensalidade porque, além de achar injusto com o povo que mais paga imposto no mundo, não confio em quem está no poder.
Danilo Pessôa, jornalista formado na universidade particular PUC-Campinas, e um dos financiadores da USP através do ICMS
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