12 de maio de 2014
Até as manifestações ocorridas em junho de 2013, eu jamais havia presenciado uma grande mobilização popular no país. A última de grandes proporções havia acontecido em 1992, os chamados caras-pintadas, quando eu não havia completado nem 2 anos de idade e, dessa forma, não estava consciente do que ocorria.
Até as manifestações ocorridas em junho de 2013, eu jamais havia presenciado uma grande mobilização popular no país. A última de grandes proporções havia acontecido em 1992, os chamados caras-pintadas, quando eu não havia completado nem 2 anos de idade e, dessa forma, não estava consciente do que ocorria.
De 1992 pra cá, o Brasil mudou. Nós, da geração Y brasileira, crescemos com a sensação de uma certa liberdade, otimismo e estabilidade econômica - ao menos se comparada com os tempos da ditadura, recessão e hiperinflação vividos por nossos pais. E essa aparente tranquilidade abafou por mais de duas décadas um de nossos principais problemas: a instabilidade social.
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Transporte e mobilidade urbana. O tema que foi o estopim das manifestações de 2013 não apresentou melhoras. Empresas de transporte continuam lucrando alto para um serviço de baixa qualidade, enquanto transportes alternativos como trens, metrôs, ciclovias e transporte público marítimo são promessas ou, se existem, não suprem a demanda, seja por incapacidade administrativa ou corrupção, como demonstra a denúncia de corrupção nos metrôs da cidade de São Paulo.
Educação. O Brasil ocupa o 88° lugar na educação, em ranking elaborado pela Unesco, que conta com 127 países. Estão na nossa frente países como Azerbaijão, Tonga, Botswana, além das "mal faladas" Cuba e Venezuela.
Corrupção. Não serei redundante.
Gastos com a Copa do Mundo e Olimpíadas. Além da alta quantidade de dinheiro envolvida para sua realização e da corrupção evidente, são dois momentos em que o Brasil será o centro do mundo, boa oportunidade para manifestações ganharem destaque e força.
Imprensa tradicional. Os grandes meios de comunicação estão sendo cada vez mais desafiados, seja por meios alternativos como internet, ou presencialmente, como se viu nas manifestações do ano passado e em outras oportunidades.
Insatisfação. Ser brasileiro é caro. Somos um dos que mais pagam impostos do mundo e temos o pior em termos de qualidade dos serviços públicos prestados à população, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Insatisfação também com o desempenho da presidente Dilma Roussef, seja por motivos políticos ou pessoais. Insatisfação com a situação e oposição. Insatisfação com a imprensa. Insatisfação até com mesmo as manifestações. Há um descontentamento generalizado, de todos com tudo, e com razão. Estamos dentro de uma panela de pressão insustentável. Também estamos perdidos, numa mistura perigosa de revolta e indiferença.
Dilma Roussef, Aécio Neves ou Eduardo Campos? Ou ainda alguma zebra? Talvez o personagem mais importante do Brasil na próxima década não seja um político, mas sim o povo, para o bem ou para o mal. Mas o que o faremos deste país, essa é a verdadeira incógnita. O que acontecerá quando a panela de pressão explodir?
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