BRASIL: UMA PANELA DE PRESSÃO (OU ESTAMOS PERDIDOS)

O QUE ACONTECERÁ QUANDO A PANELA DE PRESSÃO EXPLODIR?

(SEM) INSPIRAÇÃO

HOJE ACORDEI INSPIRADO. MAS ACHO QUE EXPIREI.

SOBRE SER CULTO

A VIDA NÃO SE RESUME AO FACEBOOK.

A REVOLUÇÃO DOS MACACOS

SOMOS TODOS MACACOS, ALGUNS MAIS MACACOS QUE OUTROS.

NU

HOJE ME DEU VONTADE DE ESTAR NU.

28 maio 2014

Não existe amor em Campinas

28 de maio de 2014

Ei, Criolo. Campinas também é um labirinto. Menor e menos místico, mas ainda assim um labirinto. Aqui, gritam mais as pichações que os grafites. Gritam e nos questionam: Seriam crimes, ou formas de expressão? Não dá pra entender... ou não queremos nem pensar.

Os cartões postais não têm frases. Na verdade, são poucos os cartões postais daqui. A maior parte foi demolida, juntamente com sua história. Nos resta um castelo sem rei, um navio em ruínas, uma estação ferroviária de trens dormindo, um mercado popular de iguarias e um teatro bonito... porém, menos bonito que um outro demolido décadas atrás.

Os bares, os shoppings, as baladas, as igrejas, as lojas, as ruas e esquinas estão cheios de almas vazias. E de almas cheias. E almas negras, brancas, pardas e amarelas. Amarelas principalmente em lojas de R$1,99 do centro. Que não vendem mais produtos por R$1,99.

A ganância vibra, e a vaidade, o Itatinga e algumas esquinas do centro excitam. Excitam?

Devolva a minha vida... meu tempo desperdiçado nos intermináveis congestionamentos de carros e de pessoas em ônibus lotados que, muitas vezes, não cumprem horário. Devolva meu dinheiro perdido pela ganância e corrupção de quem já esteve no poder. Aqui, eles não vão para o céu... espero.

Encontro duas nuvens nos escombros da antiga rodoviária. E é um dos únicos pontos da região central, cheia de prédios, em que ainda consigo ver duas nuvens e uma fresta maior do céu.

É verdade, Criolo. Não precisa morrer pra ver Deus. Mas é preciso viver pra conseguir observar as pequenas coisas.

Não existe amor em Campinas. Ou será que existe?

27 maio 2014

Dilma: o pior governo da história

27 de maio de 2014

Pronto. Ganhei sua atenção. Desculpe, mas não falarei sobre o governo Dilma. A intenção deste texto é apresentar dicas sobre como realizar uma publicação com bastante views para uma página.

A primeira dica é justamente a que te trouxe a este blog: o título. Títulos no superlativo chamam a atenção. Ainda mais se tiver um caráter depreciativo. Melhor ainda se o alvo for algum dos personagens que nunca saem de moda, como Dilma, Revista Veja, Pelé, Venezuela, Cuba e Rede Globo. Modere ao citar os deputados Bolsonaro ou Feliciano, pois já são temas old fashion.

A foto também é importante, pois dá cara à postagem. Quanto mais cor, melhor. A utilização de montagens está liberada, afinal, se a Revista Veja usa, por que você não usaria? E, se possível, poste fotos de cachorrinhos e gatinhos fofos. Por algum motivo, animais fofos sensibilizam mais as pessoas que seres humanos.

Mas a cereja do bolo, claro, é sempre o texto. Se for político, jamais se esqueça dos termos “PeTralhas” ou “Tucanalhas”. Se for crítica social, foque em “coxinhas” ou “geração leite com pera”. Ironia é fundamental, ainda que sejam ironias tão clichê quanto essas. Postagens cotidianas de "como foi meu dia"geralmente não funcionam. Ninguém quer saber o que você comeu no dia de hoje, a não ser que a postagem for no Instagram.

Utilize citações de autores que você nunca leu. Dá credibilidade, e passa um ar culto à sua postagem.

Comente sobre o assunto do momento, e isso vale também para redes sociais como um todo. Ou vai me dizer que você não tirou uma foto comendo banana com a hashtag #SomosTodosMacacos, hein, primata? 

E lembre-se: views são mais importantes que conteúdo. Curtidas são mais importantes que credibilidade. "Nada é importante”, já dizia Antônio Abujamra. Mas quem é esse cara? Não importa, nunca li nada dele. Apenas ignore-o, e torne-se um semi-deus de sua página virtual.

26 maio 2014

Mentes

26 de maio de 2014

Infelizmente,
Infeliz mente.
Mente,
mas não me engana.
Felizmente.

22 maio 2014

Mensalidade na USP pra quem?

22 de maio de 2014

Em artigo publicado no site da revista Carta Capital no dia 19 de maio, intitulado “Mensalidade na USP?”, Ricardo Palacios defende a cobrança de mensalidade na USP e, consequentemente, em outras universidades públicas do país. Tem argumentos bem construídos e concordo quando ele diz que esse é um tema que deve ser debatido, assim como todos os outros temas considerados tabus, já que vivemos em uma democracia e as ideias não devem ser censuradas.

Ricardo Palacios, médico formado pela Universidade Nacional da Colômbia e atual universitário na faculdade de Ciências Sociais da USP, tem uma visão idealizada das coisas. Se considerarmos apenas que a USP vive hoje uma crise financeira grave, a cobrança de mensalidade na universidade pública (??) seria, talvez, um meio de recuperar os cofres da instituição.

Porém, se pensarmos no contexto, veremos que esta é uma opinião simplista. Somos o país que mais paga imposto no mundo, e temos o pior retorno em serviços. Alguém questiona que, apesar dos impostos, a educação, a saúde, a segurança, o transporte e outra série de coisas vão mal – muito mal – em nosso país?

A USP recebe 5% de todo ICMS arrecadado pelo governo de São Paulo, imposto que encarece 18% de boa parte das mercadorias compradas pela população. Dessa forma, quem compra mais coisas (os ricos), acaba dando uma contribuição maior para a manutenção da USP do que os que compram menos coisas (os pobres). Justo! Todos nós já financiamos a educação. Os mais abastados com mais, os menos privilegiados com menos. O que Palacios não cobra em seu artigo é uma investigação sobre onde e como todo esse montante é aplicado. Segundo levantamento de 2012, o estado de SP recebeu R$ 109.103.539.000,00 em ICMS; dessa forma, só a USP, recebeu no ano de 2012 R$5.455.176.950,00. Estamos falando em bilhões. Isso não é suficiente para manter uma universidade? Não sei. Você não sabe. Ninguém sabe. Sabemos apenas que nós, ricos e pobres, já pagamos impostos abusivos para serviços que não temos. O que Palacios, Folha de S.Paulo, e até mesmo alguns professores da própria USP estão propondo é pagarmos mais uma taxa por mais um serviço que não teremos.

A pergunta é: o chamado “Fundo Fraterno”, em um Brasil notadamente corrupto, será utilizado, na prática, para financiar quem? Os alunos ou os detentores do poder?

Sou contra a mensalidade porque, além de achar injusto com o povo que mais paga imposto no mundo, não confio em quem está no poder.


Danilo Pessôa, jornalista formado na universidade particular PUC-Campinas, e um dos financiadores da USP através do ICMS

20 maio 2014

(Sem) Inspiração

20 de maio de 2014

Hoje acordei inspirado.
Mas acho que expirei.
A inspiração sumiu.
Como ela aparece? E como some?
Qual sua receita, seu caminho, sua regra?
Minha inspiração é um aperto na boca do estômago que só é vomitada por palavras.
Talvez ainda esteja aqui dentro e eu só a tenha perdido.
Como escrever sem inspiração?
Não importa. Escreverei mesmo assim.



12 maio 2014

Brasil: Uma panela de pressão (ou estamos perdidos)

12 de maio de 2014

Até as manifestações ocorridas em junho de 2013, eu jamais havia presenciado uma grande mobilização popular no país. A última de grandes proporções havia acontecido em 1992, os chamados caras-pintadas, quando eu não havia completado nem 2 anos de idade e, dessa forma, não estava consciente do que ocorria.

De 1992 pra cá, o Brasil mudou. Nós, da geração Y brasileira, crescemos com a sensação de uma certa liberdade, otimismo e estabilidade econômica - ao menos se comparada com os tempos da ditadura, recessão e hiperinflação vividos por nossos pais. E essa aparente tranquilidade abafou por mais de duas décadas um de nossos principais problemas: a instabilidade social.

Insegurança. Segundo levantamento divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), arma de fogo mata mais pessoas no Brasil do que no Iraque. O nosso pacífico país, com um número de habitantes que representa 2,8% da população mundial, registra 11% dos homicídios em todo o planeta. De acordo com o Escritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas, o Brasil possui 11 das 30 cidades mais violentas do mundo, se consideradas apenas aquelas com mais de 100 mil habitantes. No ano de 2012 visitei a cidade do Rio de Janeiro por duas vezes e um jornalista de uma grande emissora carioca (sim, essa mesma que vocês estão pensando), me disse em uma daquelas conversas de boteco que as chamadas UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) eram uma farsa, conversa pra gringo ver, indo contra o que eu assistia e lia até então nos meios de comunicação, que vendiam o projeto como algo revolucionário. Quem diria que pouco mais de um ano após essa conversa, o caso Amarildo viria à tona, mostrando as falhas e o autoritarismo do qual as comunidades estão expostas. Afinal, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou em matéria do site UOL, o caso Amarildo "não se trata de um fato isolado". Além disso, uma amiga e advogada criminalista afirmou que há uma intensa movimentação nos presídios, onde seus "moradores" afirmam que ainda neste ano haverá uma grande mobilização exigindo melhor qualidade nas penitenciárias. E essa má estrutura não é de forma alguma novidade no Brasil. O último caso de repercussão nacional foi a tortura realizada entre presos no Complexo Penitenciários de Pedrinhas, em São Luís (MA).

Transporte e mobilidade urbana. O tema que foi o estopim das manifestações de 2013 não apresentou melhoras. Empresas de transporte continuam lucrando alto para um serviço de baixa qualidade, enquanto transportes alternativos como trens, metrôs, ciclovias e transporte público marítimo são promessas ou, se existem, não suprem a demanda, seja por incapacidade administrativa ou corrupção, como demonstra a denúncia de corrupção nos metrôs da cidade de São Paulo.

Educação. O Brasil ocupa o 88° lugar na educação, em ranking elaborado pela Unesco, que conta com 127 países. Estão na nossa frente países como Azerbaijão, Tonga, Botswana, além das "mal faladas" Cuba e Venezuela.

Corrupção. Não serei redundante.

Gastos com a Copa do Mundo e Olimpíadas. Além da alta quantidade de dinheiro envolvida para sua realização e da corrupção evidente, são dois momentos em que o Brasil será o centro do mundo, boa oportunidade para manifestações ganharem destaque e força.

Imprensa tradicional. Os grandes meios de comunicação estão sendo cada vez mais desafiados, seja por meios alternativos como  internet, ou presencialmente, como se viu nas manifestações do ano passado e em outras oportunidades.

Insatisfação. Ser brasileiro é caro. Somos um dos que mais pagam impostos do mundo e temos o pior em termos de qualidade dos serviços públicos prestados à população, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Insatisfação também com o desempenho da presidente Dilma Roussef, seja por motivos políticos ou pessoais. Insatisfação com a situação e oposição. Insatisfação com a imprensa. Insatisfação até com mesmo as manifestações. Há um descontentamento generalizado, de todos com tudo, e com razão. Estamos dentro de uma panela de pressão insustentável. Também estamos perdidos, numa mistura perigosa de revolta e indiferença.

Dilma Roussef, Aécio Neves ou Eduardo Campos? Ou ainda alguma zebra? Talvez o personagem mais importante do Brasil na próxima década não seja um político, mas sim o povo, para o bem ou para o mal. Mas o que o faremos deste país, essa é a verdadeira incógnita. O que acontecerá quando a panela de pressão explodir?

09 maio 2014

A Floresta de Thoreau

9 de maio de 2014

Eu não estou na floresta de Thoreau.

Não há mapa. Pergunto o caminho, mas ninguém sabe. Não há placas. Não há guias. Os pontos cardeais não constam na bússola. O GPS ainda não calculou sua rota. O Google Maps não a localizou.

Dizem que a terra por onde andam os poetas mortos é repleta de vida. Porque viver é mais que respirar. Porque viver é mais que um coração pulsando.

Estou à sua procura. Chegando ao destino que não sei onde é e não sei onde fica. Que não sei se chegarei. Às vezes tão longe. Às vezes tão perto. Às vezes.

Não quero não viver.

“Eu fui para a floresta porque queria viver deliberadamente! Eu queria viver profundamente e sugar toda a essência da vida. Queria acabar com tudo que não fosse vida. Para que quando chegasse a minha morte, eu não descobrisse que não vivi.” (Henry David Thoreau)