BRASIL: UMA PANELA DE PRESSÃO (OU ESTAMOS PERDIDOS)

O QUE ACONTECERÁ QUANDO A PANELA DE PRESSÃO EXPLODIR?

(SEM) INSPIRAÇÃO

HOJE ACORDEI INSPIRADO. MAS ACHO QUE EXPIREI.

SOBRE SER CULTO

A VIDA NÃO SE RESUME AO FACEBOOK.

A REVOLUÇÃO DOS MACACOS

SOMOS TODOS MACACOS, ALGUNS MAIS MACACOS QUE OUTROS.

NU

HOJE ME DEU VONTADE DE ESTAR NU.

23 setembro 2014

Eu não entendo de política (Ou quer que eu desenhe?)

Dia 23 de setembro de 2014

Eu não entendo de política. Não mesmo. Sou, no máximo, bem informado. E digo mais: desconfie de quem diz entender.

Desconfie de quem usa os termos "tucanalha" e "petralha" para justificar suas escolhas.

Desconfie de quem critica programas sociais sem nunca ter pisado em uma comunidade. Desconfie também - por que não? - daqueles que já pisaram.

Desconfie da pessoa que, ao encontrar alguém que compartilha de sua opinião política, diz "até que enfim encontrei alguém inteligente!". Subestimar a interpretação de mundo dos outros não é algo inteligente. Superestimar sua própria visão da realidade não é algo inteligente.

Desconfie de quem coloca o nome de um candidato na foto de perfil do Facebook. Das duas, uma: ou é um romântico ou está ganhando algo para promover o candidato.

Desconfie daquele que diz votar em branco como forma de protesto, mas nunca integrou manifestações que reivindicavam melhorias.

Política se discute, sim. Mas não é uma ciência exata. Ser agressivo em suas colocações não é debater, mas impor. Sarcasmo e política dificilmente se encaixam. Nunca dê um "ou quer que eu desenhe?" como resposta àquela pessoa que fez uma pergunta ou comentário estúpido. Sarcasmo não é argumento. Argumento esclarece e faz pensar. Sarcasmo apenas afasta.

Por fim, desconfie também de seu candidato. Antes, durante e depois das eleições. A desconfiança é a principal arma do eleitor contra a alienação tão perceptível nessa época. O candidato está lá para trabalhar em prol de seu eleitor e ser questionado. Exercite seu direito de desconfiar. Ou quer que eu desenhe?

18 setembro 2014

Os consumidores da violência cotidiana

Dia 18 de setembro de 2014

"Falta alguém espremer o jornal pra sair sangue", cantava o sambista Roberto Silva no ano de 1961. A música "Jornal da Morte", composta por Miguel Gustavo e interpretada também por Nação Zumbi e Casuarina, ainda está muito atual, denunciando os meios de comunicação por se aproveitarem do sofrimento do povo para se promover. 

Datena, Marcelo Rezende e outros apresentadores locais se destacam por enfatizar a morte e a violência a todo momento. O assassinato da desconhecida da esquina se transforma em matéria de nível nacional, que é sucedida pela morte chocante de trânsito do Seu Joaquim, e depois por outra matéria, e por outra, e por outra. Pois o fato, por si só, não se sustenta, já que tratam a violência cotidiana exclusivamente como caso policial, e não social. "Tem que ir pra cadeia", esbraveja o apresentador. "É tudo bandido", berra o outro. Encarnam personagens aparentemente super-poderosos, mas com discurso que cai no lugar-comum, acrítico e raso. 

Porém, se há programas e apresentadores com esse tipo enfoque, é porque há quem consuma a informação, e isso diz muito a respeito de nós. Quem são estes consumidores vorazes da tragédia cotidiana? Qual o conteúdo de publicações que você anda compartilhando em seu Facebook?

A criticidade desses telespectadores, leitores e internautas dos pequenos desastres diários é superficial. A violência é sempre problema dos outros, e eles são apenas as vítimas. São pessoas de bem. Classe média, trabalham, cuidam de sua família de forma tradicional. Assistem a programas sobre o que não é, com discursos que não são. Vivem suas vidas de forma perfeita. Pagam os impostos absurdos sem reclamar ou protestar e dizem, com orgulho, que são cidadãos exemplares. Para eles, todo político é ladrão. Toda passeata é de vagabundo. Dizem que o povo "precisa acordar" e que bom mesmo é a meritocracia. São meros reprodutores de discursos. E, de tanto consumirem violência, acabam perdendo a capacidade de se chocarem. São seres apáticos e indiferentes socialmente.

Se, segundo o dito popular, "mente vazia é oficina do diabo", o que dirá dessas mentes, ocupadas pelo que há de mais sórdido e cruel da vida dos achados anônimos de nossa imprensa?

10 setembro 2014

Cristofobia

Dia 10 de setembro de 2014

Preciso desabafar.

Já não consigo mais esconder. Sou cristão. Seria mais fácil ao contrário, eu sei. Não precisava me expor dessa forma, eu sei. Mas é complicado pra mim viver meias verdades. Tomei essa decisão de me declarar publicamente cristão para me sentir liberto, completo. Ao contrário do que pensam, não escrevo este texto para aparecer, chocar ou repercutir. Escrevo para, pela primeira vez, conseguir ser quem eu sou.

É difícil ser cristão hoje em dia.

Nossas igrejas, nossos locais de culto, não são bem vistos. A burocracia para criá-los é muito grande, e justamente por isso há tão poucas igrejas, templos e salões em meu bairro, em minha cidade. Os impostos são absurdos.

A cristofobia é um mal que assola nossa comunidade. Quando ando com minha bíblia embaixo do braço, logo vem olhares me fuzilando, me condenando por eu não pertencer à moral vigente da sociedade. Muitos amigos meus tem dificuldade para contar a seus pais que são cristãos. A aceitação é algo complicado. Aceitar o diferente é algo complicado. Alguns - pasmem! - foram até expulsos de casa. O pior não sei se é o preconceito explícito, aquele que xinga, constrange, expulsa ou mata nossos irmãos cristãos, ou aquele velado, presente no discurso "Eu amo todo cristão, mas não a sua cristandade". Isso não é um discurso de amor fraterno meus caros agnósticos, umbandistas, candomblecistas, budistas, ateus, wiccas e naturalistas fundamentalistas. Isso é um discurso cristofóbico. 

Eu prefiro acreditar que nasci cristão. A ciência ainda não conseguiu provar se a pessoa já nasce ou se torna ao longo da vida. Quiseram já propor um estudo que relacionava a localidade de nascimento com a religião seguida pela pessoa. Tentaram chegar a conclusão que quem nasce em países latinos tende a se ser cristão, assim como quem nasce no Japão tende a ser budistas e quem nasce na Suécia tende a ser ateu. Mas acho que isso é querer predeterminar as coisas. Devemos conviver com as diferenças, e não taxá-las como anomalias. Por que, ao invés disso, não gastamos dinheiro para pesquisas com curas de doenças, com pesquisas para criar mecanismos para combater a miséria no mundo? Estes sim são objetos urgentes de estudo.

O que acredito é que a cristofobia deve ser criminalizada. E o que me acalma é ter a certeza que daqui algumas décadas este será um assunto tão ultrapassado que, ao olhar para trás, teremos vergonha do quanto a sociedade já teve uma mentalidade atrasada.

01 setembro 2014

Eleições 2014: A incompetência da oposição

Dia 01 de setembro de 2014

O PSDB governa o estado de São Paulo há 20 anos. Porém, ao contrário do PT a nível federal, que está no comando do país há 12 anos, o PSDB paulista parece não encontrar o desgaste tão comum aos partidos após sucessivas eleições. Segundo pesquisas recentes, o candidato à reeleição Geraldo Alckmin tem chances de ser eleito em primeiro turno, ou seja, com mais de 50% dos votos válidos.

Das duas, uma. Ou a administração tucana é ótima, digna de outra reeleição, ou então a oposição é incompetente. Eu, como paulista que sou, fico com a segunda opção. Claro que há outras coisas pesando na balança. A omissão da mídia influencia, sim. Porém, nunca houve tantos fatores que pudessem tirar o governo do PSDB. Ainda assim, ao que tudo indica, esta será uma das eleições mais fáceis dos últimos anos.

Na área da saúde, o fechamento da Santa Casa de São Paulo. Na segurança pública, o 14° aumento consecutivo da violência. Na educação, além de uma anomalia chamada progressão continuada e da baixa qualidade do sistema público de ensino, as universidades estaduais, em especial a USP, passa por uma grande crise financeira e a greve mais longa de sua história. Porém, certamente, o pior setor de seu governo seja mesmo o da mobilidade urbana. Além da obra do Rodoanel, orçada em 4 bilhões de reais e ainda inacabada, o Estado de São Paulo possui uma quantidade interminável de pedágios em suas rodoviais a preços elevados. Só a cidade de Itatiba, por exemplo, é cercada por três deles. Pior, o governo tucano é alvo de investigação sobre um esquema que desviou milhões de reais de obras do metrô. Isso sem falar no risco da falta de abastecimento de água no estado mais rico da nação, problema ocultado pelo atual governo provavelmente com medo disso se refletir nas intenções de voto. E - nunca é demais frisar - a falta de água ocorre por falta de investimentos, e não por culpa de São Pedro.

E, ao que tudo indica, os tucanos se reelegerão, apesar de tudo. Pode-se julgar o povo paulista como conservador ou alienado. Porém, nos falta também uma liderança de oposição na esfera estadual. Quem é o grande destaque da política paulista hoje? Não há nomes. Temos um Skaf que aparece apenas a cada 4 anos - e, cada vez, num partido diferente. Um Padilha não muito conhecido e com pouca tradição na política estadual. E candidatos menores e com projetos não tão diferentes do atual, salvo raras e inexpressivas exceções.

Enquanto houver uma oposição tão incompetente quanto esta, estaremos fadados a mais reeleições sucessivas da incompetente gestão tucana.