18 fevereiro 2014

Em terra de Sininho, qualquer conto de fadas é real

E o jornalismo anda dando cabeçadas.

A suposta acusação feita pelo Jornal O Globo de envolvimento entre o cara que atirou rojão no cinegrafista da BAND, Santiago Andrade, e o deputado Marcelo Freixo, já virou tema de discussão entre o show business intelectual. Caetano Veloso, Gregório Duvivier, Revista Piauí, Revista Veja, Leonardo Sakamoto… cada qual com seu enfoque, cada qual com seus propósitos.

Direito de resposta, disse-me-disse. O que para O Globo e Veja são provas do suposto envolvimento do deputado com o rapaz do rojão, para a Revista Piauí é motivo de piada, para Caê e os outros é motivo de perseguição.

Num editorial recente do Jornal O Globo, a empresa tenta se explicar. “No dia em que foi preso Fábio Raposo, réu confesso de participar diretamente da ação que resultou na morte do cinegrafista Santiago Andrade, Marcelo Mattoso, o estagiário do advogado que defendia o detido, disse duas coisas: a ativista Elisa Sanzi Quadros telefonara para ele e oferecera ajuda jurídica; e que, ao passar o telefone para o próprio advogado, Jonas Tadeu Nunes, este ouvira dela que o homem que atirou o rojão contra o jornalista ‘era ligado ao deputado Marcelo Freixo, do PSOL’ e que o deputado estaria à disposição de Fábio. Ao telefone, a ativista avisava que estava indo à delegacia junto com outros ativistas para protestar contra a prisão. Tudo isso foi registrado, oficialmente, num termo de declaração prestado pelo estagiário na delegacia.” Leia o editorial completo no site do O Globo.

Não sei se sou apenas eu, mas na terceira citação de pessoas desconhecidas, já me perdi. E nas terras da Editora Abril, a Revista Veja utilizou de uma grave manipulação de imagem para ilustrar a matéria “A Fada da Baderna”.

Toda essa confusão me lembrou a poesia “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade.

O Globo atacou Freixo que se defendeu.
Revista Veja atacou Sininho, que até então era só uma personagem de ficção. Atacou também Caetano Veloso por ter defendido Freixo e atacado O Globo no próprio jornal.
Duvivier e Revista Piauí ironizaram o fato.
E Santiago Andrade, que não tinha entrado na história, morreu.

A tragédia virou circo.

Você pode ter sua opinião contra ou a favor dos Black Blocks, Marcelo Freixo, O Globo, Drummond, e até mesmo acreditar em fadas. Já o jornalismo não pode se dar ao luxo de se transformar em textos de ficção.

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