O papel era normal. Branco, tamanho A4, e as letras, juntas, formavam uma história interessante sobre algum personagem qualquer. Toda essa aparente tranquilidade foi quebrada, quando o Ponto de Exclamação começou a gritar enraivecido:
- Está tudo errado! Está tudo errado!
O Ponto de Interrogação logo questionou-o:
- O que houve, Exclamação? Por que está gritando?
- Eu não aguento! Aquela Cedilha é uma inútil! Não sei por que ela existe! Só atrapalha a minha vida!
A Interrogação avistou em um canto a Cedilha chorando inconsolavelmente, e decidiu tentar acalmá-la.
-Minha cara Cedilha, por que está chorando tanto? Não vê que não vale a pena dar importância para os ataques de fúria da Exclamação?
- Não é ‘iÇo’ não, Dona Interrogação. A Exclamação ‘diÇe’ que eu só atrapalho. Que a tal da ‘Letra Éçe’ é bem melhor que eu.
-Pare de choramingar! – interrompeu a Exclamação.
A Interrogação estava perdida. Não sabia o que fazer. Até que avistou o sábio Ponto Final e decidiu pedir ajuda.
- Sr. Final, você consegue ajudar a resolver o problema? Viu como está tudo bagunçado?
E realmente estava. Todos os pontos e até algumas letras mais curiosas tinham saído do seu lugar. O livro todo estava uma bagunça. O Ponto Final, com toda sua convicção, tentou acalmar as coisas.
- Dona Cedilha. Dona Exclamação. Aconselho as duas a colocar um ponto final em toda essa discussão.
- Mas é muito petulância mesmo! O Ponto Final pensa que tudo gira em torno dele! – respondeu, arrogante, a Exclamação.
-O que farei agora? – questionou-se a interrogação.
Cedilha continuava chorando. Ponto Final quase perdeu o controle. Exclamação berrava. Interrogação estava perdida. Até que a louca da Reticencia apareceu.
- Será que vocês... – disse a Reticencia mas, como sempre, sem completar a frase.
- Nós o quê? – perguntou a Interrogação.
- Você não acham...
- Cacete! Completa uma frase pelo menos, sua doida! – gritou a Exclamação.
- VOCÊS SE INCOMODAM DE EU NÃO COMPLETAR UMA FRASE, MAS NÃO LIGAM DO LIVRO ESTAR TODO BAGUNÇADO!? TEM UM CARA TENTANDO LER O LIVRO, MAS NÃO CONSEGUE LER UMA FRASE SEQUER. PREOCUPEM-SE MENOS COMIGO, E MAIS COM SEU TRABALHO! BANDO DE HIPÓCRITAS! – berrou a Reticencia, num lapso de lucidez.
Todos ficaram calados, espantados com Reticencia. Abaixaram as cabeças e voltaram a seus lugares. Tudo voltava ao normal.
- Será que... – disse para si mesma a Reticencia.
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