02 setembro 2009

Ao meu amigo José Luis

Estava eu, voltando do serviço, indo pegar o ônibus no terminal, quando vejo uma figura muito familiar. De longe, avistei um grande amigo meu, que não via há 4 anos, desde minha 8ªsérie.

José Luis não tinha mudado em nada. A mesma aparência e o mesmo olhar vago e ao mesmo tempo penetrante. Ele também me reconheceu. Fui direto ao encontro dele. Ele me estendeu a mão.

- E aí Zé, como tá?
- Tô bem - respondeu com aquele jeito inconfundível.
- Estudando muito?
- É isso aí!

Esse foi nosso breve papo. Meu ônibus já estava saindo. Não podiamos nos falar mais. E também o olhar de Zé já estava um tanto desinteressado no assunto. Ele realmente não tinha mudado em nada. José Luis tem deficiência mental, e me orgulho muito em ter estudado com ele. Com sua convivência, eu e todos os que estudaram com ele aprendemos coisas que a escola, sozinha, jamais conseguiria nos ensinar.
Inclusão é a palavra! Alguns amigos meus daquela época são estudantes, soldados, trabalhadores ou vagabundos. Todos mudaram, para melhor ou para pior. José Luis, ao contrário, continua sendo José Luis. Ele é o que restou de mais autêntico da melhor fase de minha vida: a 8ª série.

Pra todos os que estudaram com ele, Zé nunca foi um deficiente mental, mas sim, um grande e especial amigo!
Quem não consegue conviver com diferenças é que é deficiente.

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