26 junho 2017

Pensamentos de um mochileiro: Chile, Bolívia e Peru (Parte 3)

HOMENS VOAM?

Dia 26 de junho de 2017

Era o segundo ou terceiro dia de viagem. Eu estava deitado na cama do meio de uma treliche de um charmoso hostel de Santiago chamado Chile Lindo. Nada mais justo. O Chile é realmente lindo. Há quantos Chiles para se conhecer?
Foi lá, no país de Violeta Parra, a primeira parada de uma viagem que durou 21 dias. Pegamos o avião de São Paulo, fizemos escala no Rio de Janeiro com uma espera de 8 horas, e da cidade maravilhosa voamos para Santiago. Sim, meus caros, homens voam. E de lá de cima a Cordilheira dos Andes nos recebeu, mostrando toda a sua imponência e extensão. A tão temida turbulência no avião próxima das Cordilheiras não aconteceu. Chegamos sãos e salvos ao aeroporto da capital chilena.

Por falar em altura, como não lembrar da nossa visita ao arranha céu mais alto da América Latina, o Sky Costanera? São 62 andares, num total de 300 metros de altura. De lá de cima, tudo fica pequeno, como se fossem miniaturas. Ficamos por provavelmente mais de uma hora admirando a paisagem como se estivéssemos plainando pelo céu. Se homens voam? Eu estava voando.
Nesta viagem foi possível, inclusive, voar em solo. Na segunda semana estávamos na Bolívia, em um dos lugares mais incríveis que já estive em toda minha vida: o passeio de três dias ao Salar Uyuni, o maior deserto de sal do mundo. O passeio, totalmente feito sob quatro rodas, me deixou, por muitas vezes, nas nuvens e por vários motivos. As paisagens eram incríveis. Um lugar realmente único. Muitas formações rochosas, lagos de várias cores, geisers, banho termal, desertos infinitos. E, além de tudo, estávamos voando. Naquele passeio chegamos a 5 mil metros de altitude. Não sem mascar várias folhas de coca. Voar tão alto, ainda que por solo, deixa o ar rarefeito. E a folha de coca ajuda muito. Voávamos novamente.




Não há como descrever apenas com palavras o quanto uma viagem como esta pode mudar quem você é. Mas posso dizer que viagens como esta estão mais perto do que você imagina. Por vinte e um dias eu voei. Voei fisicamente por meio de aviões, mas o maior voo foi simbólico. E se você tem vontade, faça acontecer. Voe. Porque homens voam. E eu não tenho dúvidas disso.


Voltando à treliche do hostel Chile Lindo. Como disse, era o segundo ou terceiro dia da viagem. Eu havia andado muito, e o cansaço me fez dormir ainda que uma festa estivesse rolando no local. A festa acabou e os hóspedes já estavam indo para suas camas. Incluindo um mexicano, extremamente bêbado, que iria dormir na cama de cima da minha treliche. Ele subiu, não sem dificuldades. Minutos depois, sabe-se lá por qual motivo, tentou descer. Esse foi seu maior erro. Em plena madrugada, um barulho. O mexicano caiu do alto da treliche, indo de encontro ao chão. Todos acordaram. Pude ouvir ao menos três idiomas sendo falados ao mesmo tempo, por pessoas de vários países perguntando se ele estava bem. Por sorte, o mexicano não se machucou. Porém, nesse momento cheguei à seguinte conclusão: homens voam, mas nem sempre.




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Confiram também a Parte 1 e Parte 2 da série "Pensamentos de um Mochileiro: Chile, Bolívia e Peru"

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