BRASIL: UMA PANELA DE PRESSÃO (OU ESTAMOS PERDIDOS)

O QUE ACONTECERÁ QUANDO A PANELA DE PRESSÃO EXPLODIR?

(SEM) INSPIRAÇÃO

HOJE ACORDEI INSPIRADO. MAS ACHO QUE EXPIREI.

SOBRE SER CULTO

A VIDA NÃO SE RESUME AO FACEBOOK.

A REVOLUÇÃO DOS MACACOS

SOMOS TODOS MACACOS, ALGUNS MAIS MACACOS QUE OUTROS.

NU

HOJE ME DEU VONTADE DE ESTAR NU.

20 janeiro 2015

Os Mortos da Consolação

Dia 20 de janeiro de 2015

A megalomania dos tempos áureos da aristocracia paulista não acaba após a morte. Vai além dela. Quem nasce Silva não morre Matarazzo. O Cemitério da Consolação, localizado na cidade de São Paulo, é a prova viva - com o perdão do trocadilho - da desigualdade social e do status presente até mesmo entre os mortos.

Ali estão enterradas figuras conhecidas de nossa história, como Monteiro Lobato, Ramos
de Azevedo e Oswald de Andrade, da nobreza, como Marquesa de Santos e Barão de Anhumas, além dos ex-presidentes Washington Luiz e Campos Sales - este último, campineiro. Cada um repousando tranquilamente em seus túmulos, um mais luxuoso que o outro, repletos de mármore e estátuas monumentais.

Porém, é inquestionável que o campeão em luxo e ostentação é o mausoléu da tradicional família Matarazzo, o maior e mais alto da América do Sul, com absurdos 25 metros de altura e 150 m² de área, construído em estilo pós-renascentista e com estatutário em bronze esculpido na cidade de Gênova. Na época de sua construção, o valor da obra era equivalente ao de um hospital.

Apesar de suas proporções, confesso que minha atenção na visita que fiz a este cemitério por motivos turísticos foi dividida também entre outras jazigas e mausoléus, um mais ornamentado e trabalhado que o outro. Vale destacar também o túmulo imponente da família Maluf. Há, sim, classes sociais depois da morte.

Mas, mesmo com todo o luxo, é visível que parte considerável dos túmulos e mausoléus do Cemitério da Consolação está abandonada. Alguns arrombados, outros com vidros quebrados, e alguns totalmente abertos, com riscos para a integridade física de algum visitante mais desligado ou atrapalhado, além de um forte odor em certo local do cemitério. Seja por abandono ou pela decadência de suas famílias, nem mesmo os mortos da Consolação estão livres de serem esquecidos. O ouro não tem o poder de torná-los imortais.

Obs1 - Colaboração e revisão de Rafael Henrique
Obs2 - A foto não é de minha autoria. Não tínhamos autorização para fotografar.

19 janeiro 2015

Je ne suis pas Indonesia

Dia 19 de janeiro de 2015


Eu não sou a favor da pena de morte. Em nenhuma circunstância. Antes que me perguntem, é claro que se alguém fizesse alguma maldade muito grande contra uma pessoa que eu amo, desejar a morte desse indivíduo seria inevitável. Mas a justiça deve estar acima de vinganças pessoais.

Existem muitos que aplaudem a Indonésia pela execução do brasileiro acusado por tráfico de drogas. Aplaudem sem ao menos pesquisar sobre este país. O próprio Observatório de Direitos Humanos considerou hipócrita a posição do governo indonésio, que ao mesmo tempo que ignorou os pedidos de clemência e executou o brasileiro, pede para que a Arábia Saudita não mate Satinah Binti Jumadi Ahmad, uma trabalhadora doméstica indonésia que está no corredor da morte naquele país desde 2010 por matar e roubar o seu patrão. Em troca, seria dado 1,9 milhão de dólares em indenização. Ou seja, a questão financeira pesa mais que as questões morais nesse país da Oceania.

Além disso, em um estudo da Transparência Internacional divulgado no ano passado, 89% dos entrevistados disseram que o parlamento da Indonésia é corrupto ou extremamente corrupto. Questionados sobre a sensação de corrupção, 54% afirmaram que ela aumentou nos últimos dois anos.

O país de mais de 230 milhões de habitantes, o quarto mais populoso do mundo, ocupa apenas o 108º lugar no último ranking de Desenvolvimento Humano divulgado pela ONU, atrás até do Brasil - sim, do nosso corrupto Brasil - que está na 79ª posição.

Países notoriamente corruptos, desiguais e/ou extremamente autoritários tem a pena de morte prevista em lei. É o caso de Afeganistão, Gana, Rússia e Coreia do Norte. Por outro lado, outros países com indicadores econômicos e/ou sociais de primeiro mundo, idem, como EUA (alguns estados), Japão e Cuba. Ou seja, não é a pena de morte que define se um país é socialmente ou judicialmente justo ou não. Mas, independentemente do país - e eu fiz questão de listar vários com características bem peculiares - legalizar o homicídio me parece algo preocupante.

No lado oposto da Indonésia, temos o Uruguai, um país vizinho que teve uma postura inovadora a respeito do "combate" às drogas: a descriminalização e estatização da maconha. Se dará certo, só o tempo dirá. Mas a criminalização de certas drogas é - acredito - algo bem mais cultural que moral. Algumas pesquisas apontam que a maconha tem malefícios semelhantes ao do cigarro. Um é legal, outro não. Já vi e até presenciei pessoas entrando e provocando brigas sob efeito de álcool, mas nunca alguém sob o efeito da maconha. Novamente, apenas a primeira é legalizada. A guerra contra (certas) drogas deu errado, como os próprios ex-presidentes FHC e Bill Clinton afirmam. Por que, então, não tentar outros métodos?

O grande vilão, ao meu ver, não são as drogas, mas sim o tráfico e todo o sistema de corrupção criado a partir dele. Drogas existem desde que o Homo sapiens sapiens desenvolveu o polegar opositor. Já o problema social com as drogas surgiu a partir do momento em que tornaram-na ilegal.