Dia 16 de março de 2018
O assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL pelo Rio de Janeiro, colocou não apenas a segurança pública da cidade maravilhosa novamente em cheque, como colocou dúvidas à intervenção militar na capital fluminense e também à liberdade política no país.
Devido ao caso assustador, o Blog do Dan decidiu realizar uma lista de políticos, ativistas e juízes que foram mortos assassinados ou em circunstâncias, no mínimo, estranhas na história recente do nosso país. O objetivo dessa lista também é questionar: a quem a democracia que supostamente vivemos beneficia?
.: Marielle Franco :.
O mais recente crime político do país, Marielle Franco, vereadora do PSOL pelo Rio de Janeiro, foi morta na última quarta-feira (14) com quatro tiros na cabeça dentro de um veículo, onde seu motorista, Anderson Pedro Gomes, também foi atingido e morreu. Marielle era feminista e ativista dos direitos humanos. Ela recebeu 46.502 votos ao se eleger vereadora da Câmara do Rio. Natural do Complexo da Maré, era formada em sociologia pela PUC-Rio e fez mestre em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente, lutava contra a violência coordenando a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
.: Teori Zavaski :.
O ministro do STF Teori Zavaski morreu em um acidente de avião no início de 2017. O acidente aconteceu prestes ao ministro, então relator dos processos da Lava Jato no Supremo, homologar as 77 delações da Odebrecht - até ali, o maior acordo de colaboração da operação. Esse contexto levantou dúvidas sobre uma suposta sabotagem na aeronave. Suposição, inclusive, não descartada pelo também advogado Francisco Zavaski, filho de Teori.
.: Eduardo Campos :.
Mais um acidente de avião ocorreu em 2014. Desta vez, a vítima foi Eduardo Campos, então candidato à presidência pelo PSB. Até hoje, há indefinição sobre as verdadeiras causas da tragédia. Desde o acidente, tudo é conduzido sob sigilo. Na época, Eduardo Campos figurava na terceira colocação na disputa pela faixa presidencial.
.: Patrícia Acioli :.
A juíza Patrícia Acioli foi assassinada com 21 tiros em 2011 em uma emboscada, na frente de sua casa na cidade de Niterói-RJ. Ela estava em uma lista de doze pessoas marcadas pra morrer. Segundo o que foi apurado pelas investigações, que foram conduzidas pelo Delegado Felipe Ettore e o Comissário José Carlos Guimarães da Divisão de Homicídios do Estado do Rio de Janeiro, o assassinato de Patrícia foi cometido por policiais militares insatisfeitos com sua atuação em relação a um grupo de agentes que atuava na cidade de São Gonçalo praticando homicídios e extorsões.Em abril de 2014, todos os onze policiais julgados no caso foram condenados pela Justiça.
.: Dorothy Stang :.
A missionária norte-americana Dorothy Stang foi assassinada em 2005 em Anapu, oeste do Pará, com três tiros em uma emboscada. Dorothy era missionária da Pastoral da Terra e comandava o Projeto de Desenvolvimento Sustentado dentro de uma área autorizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A freira trabalhava na região há pelo menos 20 anos e, segundo a Radiobrás, lutava contra os grileiros da região. Três pistoleiros foram condenados pela morte de Stang.
.: Celso Daniel :.
O então prefeito de Santo André-SP Celso Daniel (PT) foi sequestrado e morto em 2002, após sair de um restaurante. Sete pessoas ligadas ao crime morreram em circunstâncias misteriosas, entre acusados, testemunhas, um agente funerário, um investigador e o legista do caso. Para a polícia, Celso Daniel foi vítima de crime comum: extorsão mediante sequestro, seguido de morte. Para a família e muitos militantes, o crime teve caráter político.
.: Antônio da Costa Santos (Toninho) :.
O prefeito eleito em Campinas pelo PT nas Eleições de 2000 foi assassinado a tiros na noite do dia 10 de setembro de 2001, quando seguia de carro para o apartamento onde vivia, que fica a um quilômetro de onde ocorreu o crime. A família acredita se tratar de um crime político e, em 2006, a Justiça pediu para que essa hipótese fosse investigada. No entanto, a Polícia Civil e o Ministério Público nunca trabalharam com essa ideia.
.: Assassinatos em Magé (RJ) :.
Dessa vez não falaremos de um assassinato, mas sim de vários ocorridos na cidade carioca de Magé. Ela ostenta o nada honroso título de campeã brasileira da violência política, com nove políticos e parentes deles assassinados desde 1997. No caso mais chocante, a então vice-prefeita pelo PSDB, Lídia Menezes (foto), foi torturada e morta com três tiros, em junho de 2002. O carro dela chegou a ser incendiado. Na mesma cidade foram assassinados a tiros por pistoleiros o vereador Alexândre Alcântara (PSC), a mãe e o motorista. O então presidente da Câmara, Genivaldo Ferreira Nogueira, o Batata, respondeu a júri popular como suposto mandante em 1998.
Em abril de 2012 foi a vez do vereador Antonio Carlos Pereira (PMDB), o Tunico Pescador, ser executado. Em 2006, morreu Carlos Alberto do Carmo Souto, o Chuveirinho. No seu enterro, o então vereador Dejair Côrrea (PDT), ex-policial que só andava armado, disse que os colegas se questionavam quem seria a próxima vítima. A resposta veio um ano depois: foi ele próprio, morto com tiros nas costas, sem poder usar a pistola prateada que sempre levava na cintura.
.: Feu Rosa :.
No ano de 1990 foi assassinado o então prefeiro de Serra (ES), Feu Rosa. Seu vice-prefeito, Adalto Martinelli, que assumiu o mandato após o assassinato, foi acusado em 2009 pela Justiça de ser um dos mandantes. Martinelli não chegou a ser preso, pois recorreu em segunda instância e, logo em seguida, o TJBA considerou que o crime prescreveu. Os absurdos não param por aí: outras duas pessoas também apontadas de serem os mandantes falaceram antes que o processo fosse julgado. Já os cinco acusados de executarem o crime foram assassinados.
.: Chico Mendes :.
Na noite de 22 de dezembro de 1988, o ecologista Chico Mendes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, no Acre, foi morto a tiros de espingarda, no quintal de sua casa, por Darcy Alves da Silva, a mando de seu pai, o fazendeiro Darly Alves da Silva. Chico Mendes havia sido condecorado pela ONU no ano anterior, por sua luta em defesa do meio ambiente. O ecologista ajudou a organizar o trabalho e a resistência dos seringueiros.
Sua morte, emblemática na violência contra ativistas ambientais no Brasil, não foi o suficiente para diminuir os números: o país é o líder no assassinato de ativistas ambientais no mundo todo.