25 setembro 2011

Críticas Rasas

"Tinham três coisas que a gente fazia quando era garoto que a gente mais se amarrava: era andar de skate, ouvir rock'n roll e falar mal do governo. Na verdade, os anos foram se passando e a gente descobriu que a gente gostava de falar mal de qualquer governo, foda-se, fosse ele qual for, de esquerda, de direita, todos são iguais. A regra básica é "nunca confie num político", tá ligado!? Essa aqui, velho, é pras oligarquias que parecem ainda governar o Brasil, que conseguem deixar os grandes jornais brasileiros censurados durante dois anos como o Estado de S. Paulo, coisas inacreditáveis! Essa aqui é pro Congresso Brasileiro e em especial pro José Sarney, e se chama 'Que País é Esse?'."

Com essas palavras, Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, criticou o Congresso Nacional e, em especial,  José Sarney, antes de cantar a simbólica 'Que País é Esse?', eternizada na voz de Renato Russo, no Rock In Rio. O público foi ao delírio. O vídeo foi postado no YouTube e rendeu diversos comentários de apoio ao cantor e de indignação em relação à situação política brasileira. Porém, o que eu percebo é que tudo não passa de críticas rasas de alguém que, assim como a maior parte das figuras públicas que se arriscam a falar de política, acaba caindo no lugar-comum.

O comentário do vocalista do Capital Inicial foi raso porque usou um viés anarquista para um público que não estava e não está interessado em política. Quando Dinho diz que todos os governos são iguais, está alimentando um desinteresse em política que já está extremamente enraízado na população. E é esse desinteresse, aliado à obrigatoriedade do voto, que faz com que políticos ruins, incluindo José Sarney, sejam reeleitos repetidas vezes. Além disso, não acho que governos são todos iguais. Lula não foi igual a FHC; Lula e FHC não foram iguais aos generais da época da ditadura.

E a culpa de tudo, na minha visão, não é só do Congresso ou das "oligarquias", mas sim do sistema como um todo. É necessária uma reforma, além de política, educacional e midiática para começar a transformar o país. Educacional porque só através de um ensino de qualidade é que poderemos diminuir a desigualdade social. Midiática, porque essa mesma imprensa que está sendo censurada por José Sarney, está censurando o debate sobre a proposta de regulação da mídia feita pelo PT.

Quando se é garoto, críticas sem profundidade são aceitáveis. Porém, quando se é adulto e, especialmente, quando se é uma figura pública, é necessário escolher bem o que falar. É necessário ampliar a visão de quem ouve a mensagem, e não repetir discursos clichês para se parecer politicamente engajado.


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1 Comentários:

=D disse...

Não acho que Dinho estava preocupado em fazer uma grande crítica. Aquilo foi só uma introdução para o contexto da música, e a opinião dele. Mas admita.. Foi impagável ouvir o multidão mandando o Sarney ir tomar naquele lugar rs